ATA DA SEPTUAGÉSIMA SÉTIMA
SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA
LEGISLATURA, EM 19-9-2001.
Aos dezenove dias do mês de setembro do ano dois mil
e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a
segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni,
Almerindo Filho, Carlos Alberto Garcia, Fernando Záchia, João Antonio Dib, João
Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste,
Maristela Maffei e Paulo Brum. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Beto
Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Ervino Besson, Estilac
Xavier, Haroldo de Souza, Helena Bonumá, Humberto Goulart, Isaac Ainhorn, José
Fortunati, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Sebastião
Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o
Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em
avulsos de cópias das Atas da Septuagésima Quarta Sessão Ordinária e das Atas
da Trigésima Primeira e Trigésima Segunda Sessões Solenes, que foram aprovadas.
À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, o Pedido de Informações
nº 170/01 (Processo nº 3576/01); pelo Vereador Haroldo de Souza, o Projeto de
Lei do Legislativo nº 240/01 (Processo nº 3581/01); pelo Vereador João Carlos
Nedel, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, o Pedido de
Informações nº 171/01 (Processo nº 3577/01). Também, foi apregoado o Processo
nº 3616/01, de autoria do Vereador Haroldo de Souza, que informa a desfiliação
de Sua Excelência junto ao Partido Trabalhista Brasileiro a partir do dia
dezessete de setembro do corrente. Ainda, foi apregoado Requerimento do
Vereador Pedro Américo Leal, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no
dia de hoje. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nºs 485, 486, 487 e 489/01, do
Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. A seguir, por solicitação do
Vereador João Antonio Dib, foi realizado um minuto de silêncio em homenagem
póstuma à Senhora Enilda Rosa Prestes, funcionária deste Legislativo, falecida
no dia de hoje. Às quatorze horas e vinte e cinco minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e vinte e seis
minutos, constatada a existência de quórum. Em continuidade, o Vereador
Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, registrou as
presenças do Padre Leandro Chiarello; dos Pastores Joel Neves, Luís Eduardo
Prates da Silva, Carlos Frederico Dreher e Vereador Almerindo Filho; e da
Senhora Debra Tabusa de Godoy, Consulesa dos Estados Unidos da América em Porto
Alegre, convidando-os a integrarem a Mesa dos trabalhos e informando que Suas
Senhorias comparecem a este Legislativo para participarem de um ato cívico e
religioso em homenagem às vítimas dos atos terroristas ocorridos no dia onze de
setembro do corrente, nos Estados Unidos da América. A seguir, o Senhor Presidente
convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, após,
concedeu a palavra aos religiosos Leandro Chiarello, Joel Neves, Vereador
Almerindo Filho, Carlos Frederico Dreher e Luís Eduardo Prates da Silva, que
discorreram sobre a necessidade da preservação da paz mundial, ressaltando a
importância dos valores cristãos na busca desse ideal e solidarizando-se com as
famílias das vítimas do referido atentado. Após, o Senhor Presidente concedeu a
palavra à Senhora Debra Tabusa de Godoy, que destacou a importância da
solenidade hoje realizada por este Legislativo em solidariedade às famílias das
vítimas dos atos terroristas ocorridos nos Estados Unidos da América no dia
onze de setembro do corrente. Às quatorze horas e cinqüenta e nove minutos, os
trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e
dois minutos, constatada a existência de quórum. Após, o Senhor Presidente concedeu
a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Edison Baptista Chaves,
Presidente-Executivo da Fundação Porto Alegre Congressos e Eventos, que teceu
considerações a respeito do trabalho realizado por essa entidade como organizadora
e divulgadora de congressos em Porto Alegre. Nesse sentido, declarou ser
fundamental a participação do Poder Público para que a Cidade se transforme num
centro de tecnologia de reconhecimento nacional, destacando a necessidade da
realização de eventos destinados ao desenvolvimento turístico do Município. Na
ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Carlos Alberto
Garcia, João Antonio Dib, Nereu D’Avila, Adeli Sell e Elói Guimarães manifestaram-se
acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quinze horas e vinte e
cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
quinze horas e vinte e seis minutos, constatada a existência de quórum. Em
PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 020/01, discutido pelo Vereador João Antonio
Dib; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 197/01, o Projeto de
Emenda à Lei Orgânica nº 007/01, discutido pelos Vereadores Maristela Maffei,
João Antonio Dib, Elói Guimarães e Sebastião Melo, o Projeto de Lei do Executivo
nº 023/01, discutido pelos Vereadores Maristela Maffei e Adeli Sell, o Projeto
de Resolução nº 079/01; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 005/01, discutido pelo Vereador Sebastião Melo. Na ocasião, o Senhor
Presidente informou estar o Vereador José Fortunati representando este Legislativo
em Sessão Solene em homenagem à Semana Farroupilha, na Assembléia Legislativa
do Estado do Rio Grande do Sul. EM COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Elói
Guimarães discursou sobre a realização hoje, neste Legislativo, do ato
cívico-religioso destinado a homenagear as vítimas dos atentados terroristas
ocorridos nos Estados Unidos da América. Também, manifestou-se acerca das
atribuições inerentes a esta Casa e enfocou a participação das Câmaras Municipais
no processo de redemocratização do País durante o período em que os militares
estiveram no Governo. O Vereador Nereu D’Avila reportou-se aos trabalhos da
Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI - constituída para averiguar denúncias
de irregularidades administrativas no Departamento Municipal da Habitação -
DEMHAB, declarando que os prazos regimentais para o funcionamento da mesma são
insuficientes para esclarecer devidamente os fatos. Ainda, criticou a postura
adotada pela Bancada do Partido dos Trabalhadores em relação à referida CPI. O
Vereador Marcelo Danéris contrapôs-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador
Nereu D’Avila, no que diz respeito às denúncias da participação do Senhor
Carlos Pestana, Diretor-Geral do DEMHAB, em supostas irregularidades na venda
de imóveis do Jardim Leopoldina. Também, procedeu a análise dos depoimentos
colhidos durante as reuniões da CPI do DEMHAB, discursando sobre a necessidade
da observância dos dispositivos regimentais para a condução da mesma. O
Vereador João Antonio Dib teceu considerações acerca da Comissão Parlamentar de
Inquérito destinada a averiguar denúncias de irregularidades administrativas no
Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB, avaliando a postura adotada pelo
Vereador Haroldo de Souza em renunciar à presidência dessa CPI. Ainda,
questionou a forma como foi conduzido o processo de aquisição, pelo Executivo
Municipal, do Loteamento Jardim Leopoldina II. O Vereador Sebastião Melo
reportou-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Marcelo Danéris, no que
tange aos trabalhos da CPI do DEMHAB, afirmando que o prazo constante no artigo
68, inciso II, do Regimento, inviabiliza a análise adequada das denúncias de
irregularidades na comercialização de imóveis no Loteamento Jardim Leopoldina
II. Ainda, criticou a postura da Bancada do Partido dos Trabalhadores neste
Legislativo em relação à referida CPI. O Vereador Raul Carrion dissertou sobre
o artigo 69, § 2º, do Regimento, que determina que o Presidente de Comissão
Parlamentar de Inquérito instalada neste Legislativo será sempre o primeiro
signatário do Requerimento que der origem à mesma. Também, salientou que, no
entender de Sua Excelência, a inexistência de denúncias concretas contra o
DEMHAB dificulta a conclusão dos trabalhos da CPI nos prazos regimentais. O
Vereador Luiz Braz registrou seu pesar pelo falecimento da funcionária Enilda
Rosa Prestes, comentando a importância das atividades desempenhadas por Sua
Senhoria nesta Casa. Também, lembrando sua participação como Suplente na CPI
que investiga a questão habitacional do Município, elogiou a condução dos trabalhos
dessa Comissão pelo Vereador Nereu D'Avila e analisou os depoimentos prestados
hoje pela manhã na referida Comissão. O Vereador Carlos Alberto Garcia,
posicionando-se sobre o discurso feito pelo Vereador Luiz Braz, ressaltou o
direito dos Vereadores de indicarem depoentes para as Comissões Parlamentares
de Inquérito instauradas na Casa. Ainda, criticou a proliferação de máquinas de
jogos eletrônicos nas proximidades de escolas, apontando os problemas que esse
fato acarreta e enfocando a Legislação Municipal que disciplina a instalação
desses equipamentos. Na ocasião, o Vereador João Antonio Dib formulou Requerimento
verbal, solicitando que o Senhor Presidente desse ciência aos Senhores
Vereadores acerca do teor do artigo 61 do Regimento, que dispõe sobre o
comparecimento dos membros das Comissões Temporárias em suas respectivas
reuniões, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre o assunto.
Ainda, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor João Manoel Brum, do
Município de Fontoura Xavier - RS. A seguir, constatada a existência de quórum,
foi iniciada a ORDEM DO DIA. Às dezesseis horas e quarenta e oito minutos, os
trabalhos foram regimentalmente suspensos, para a realização de reunião
conjunta de Comissões Permanentes, sendo retomados às dezesseis horas e cinqüenta
e quatro minutos, constatada a existência de quórum. Em continuidade, o
Vereador Paulo Brum formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem
de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia, o qual foi encaminhado à
votação pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, João Antonio Dib e Paulo Brum.
Também, o Vereador João Antonio Dib formulou Questão de Ordem acerca do artigo
64, § 3º, alínea "o", do Regimento, que dispõe sobre a votação de
Requerimentos solicitando que processos tramitem em regime de urgência, tendo o
Senhor Presidente manifestado-se a respeito do tema. Ainda, face manifestações
dos Vereadores Paulo Brum e Carlos Alberto Garcia, o Senhor Presidente prestou
esclarecimentos acerca dos trabalhos da presente Sessão. Após, foi aprovado Requerimento
verbal de autoria do Vereador Carlos Alberto Garcia, solicitando alteração na
ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. Foi aprovado
Requerimento de autoria do Vereador Paulo Brum, solicitando seja o Projeto de
Lei do Executivo nº 023/01 (Processo nº 3506/01) considerado em regime de
urgência e submetido à reunião conjunta de Comissões Permanentes. Foi aprovado
o Requerimento nº 214/01 (Processo nº 3393/01 - de autoria do Vereador Carlos
Alberto Garcia, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Antonio
Dib, Carlos Alberto Garcia, Juarez Pinheiro, Raul Carrion e Reginaldo Pujol,
tendo o Vereador Carlos Alberto Garcia manifestado-se acerca do teor desse
Requerimento. Também, os Vereadores Ervino Besson e Reginaldo Pujol formularam
Questões de Ordem e manifestações acerca da tramitação do Requerimento nº
214/01, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre o tema. Em
Discussão Geral, 1ª Sessão, esteve o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº
004/01, o qual, após ser discutido pelos Vereadores Estilac Xavier, Luiz Braz e
Sebastião Melo e Juarez Pinheiro, teve sua discussão suspensa, face à
inexistência de quórum. Durante a apreciação do Projeto de Emenda à Lei
Orgânica nº 004/01, os Vereadores Marcelo Danéris e Ervino Besson cederam seus
tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores Estilac Xavier e Sebastião
Melo. Na ocasião, o Senhor Presidente prestou informações sobre o horário e
local de realização dos atos fúnebres da funcionária Enilda Rosa Prestes. Às
dezoito horas e dez minutos, constatada a inexistência de quórum, em
verificação solicitada pelos Vereadores Estilac Xavier e João Antonio Dib, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia, Carlos Alberto
Garcia, Helena Bonumá, Paulo Brum e Ervino Besson e secretariados pelos
Vereadores Helena Bonumá e Paulo Brum. Do que eu, Helena Bonumá, 1ª Secretária,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão Ordinária.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Requerimento): Eu solicito que se faça um minuto de
silêncio, pois a taquígrafa da nossa Casa, Enilda Rosa Prestes, que estava a
poucos dias da aposentadoria, faleceu nessa madrugada.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Não tenha dúvida alguma, Ver. João
Antonio Dib, todos nós e seus colegas de trabalho estamos tristes. Esta
homenagem que V. Ex.ª pede tem a concordância não só dos Srs. Vereadores, como
também de todos os funcionários desta Casa.
(É feito um minuto de
silêncio.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Pedro Américo Leal solicita
Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje, 19 de setembro.
O SR. 1º VICE-PRESIDENTE (Paulo Brum): Apregoamos o PLL nº 240/01 de autoria do
Ver. Haroldo de Souza.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Neste momento, vamos suspender os
trabalhos para que possamos fazer, com a presença de pastores e padres, um ato
cívico e religioso em homenagens às vítimas do atos terroristas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h25min.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia – às
14h26min): Neste
momento, damos início ao ato cívico religioso em homenagem às vitimas de
terrorismo ocorrido no dia 11 de setembro nos Estados Unidos da América.
Contamos com a presença, que muito honra esta Casa, da Sr.ª Débra Tabusa de Godoy, Consulesa dos Estados Unidos da América em Porto Alegre; do Padre Leandro Chiarello; do Pastor Joel Neves; do Pastor Carlos Frederico Dreher e do Pastor Almerindo Filho, Vereador desta Casa. Esta iniciativa se deve a importância deste momento para que pudéssemos fazer uma reflexão, a fim de nos juntarmos, todos nós, com um pensamento único: que tenhamos momentos de paz e, sem dúvida alguma, seria para nós extremamente importante que pudéssemos ouvir mensagens nesse sentido com o objetivo de todos orarmos pela paz.
Agradecemos
muito a presença da Sr.ª Consulesa dos Estados Unidos em Porto Alegre, bem como
dos Srs. Pastores, e do Sr. Padre.
Nesse
momento, convidamos a todos os presentes para ouvirmos, em pé, o Hino Nacional.
(É executado o Hino
Nacional.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Quis a Câmara Municipal por intermédio
dessa pequena interrupção dos trabalhos normais deste Legislativo, que nós, ao
fazermos esta reflexão e esta referência às vítimas desse estúpido atentado
terrorista, que também pudéssemos, neste momento, ouvirmos as pessoas que
certamente trazem uma palavra de conforto não só às vítimas, mas também à
perplexidade mundial. Então solicito ao Padre Leandro Chiarello, da Igreja
Católica, que faça, da tribuna, a sua manifestação.
O SR. LEANDRO CHIARELLO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Represento,
nesta solenidade, o Sr. Arcebispo Metropolitano Dom Dadeus Grings, que gostaria
de estar aqui, mas por motivos de compromissos particulares não se pôde fazer
presente.
Sem dúvida alguma, o desenvolvimento da vida e dos povos exige a paz e a paz não é simplesmente a ausência da guerra. Não pode ser obtida sem a salvaguarda dos bens das pessoas, sem o respeito à dignidade do homem e da mulher, sem a prática da fraternidade.
A
paz, no dizer de Santo Agostinho, é a tranqüilidade da ordem, é fruto da
justiça e efeito da caridade. “A justiça é o novo nome da paz”, diz o Papa João
XXIII na sua famosa encíclica “Pace in
Teris”. A paz na terra é a imagem da paz de Cristo. Ele é o príncipe da
paz, Ele é a nossa paz e nos ensina “bem-aventurados os que promovem a paz”,
diz o evangelho de São Mateus, capítulo 5º, versículo 9.
Meus
irmãos e minhas irmãs, em nossos dias e diante de tantos acontecimentos, nós
vemos injustiças de toda a ordem: as desigualdades excessivas da ordem
econômica e social, a inveja, a desconfiança, o orgulho dos homens e das
nações. Tudo isso fere a paz. Assim, queremos, não só neste ato, mas em todas
as nossas comunidades, rezar unidos pelos homens e rezar para que os homens se
amem, para que vivam fraternalmente, para que pratiquem a justiça, e que a paz
possa reinar sobre nós. Que Deus nos abençoe. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Queremos anunciar a presença, que
orgulha esta Casa, do pastor Luís Eduardo Prates da Silva, da Igreja Metodista.
O
Pastor Joel Neves, representante da Igreja Assembléia de Deus, está com a
palavra.
O SR. JOEL NEVES: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É um momento de
profunda reflexão. Estamos aqui representando o pastor João Ferreira Filho, da
Igreja Assembléia de Deus, de Porto Alegre, e queremos dizer à Sr.ª Consulesa
que somos solidários ao povo americano. Na sexta-feira, pela manhã, em nossa
reunião na Igreja Matriz, elevamos as orações a Deus em favor do povo
americano. E estamos aqui em nome do grande amor de Deus, mais especificamente
o amor ágape, que é o amor de Deus. Conforme o apóstolo Paulo nos deixou
escrito em Romanos 5.5, esse amor, o amor
ágape, é derramado agora dentro dos nossos corações pelo Espírito Santo de
Deus.
Nesta
breve reflexão que trazemos aqui, ouvindo já as palavras sobre a paz, lembro-me
de uma das características do apóstolo Paulo. Este grande missionário dos
gentios escreveu treze cartas dirigidas às igrejas locais da Grécia, da Ásia
Menor e outros lugares. Nas introduções das suas epístolas, ele usa uma
saudação que traz um significado muito profundo, agora, que é este: “Graça e
paz a vós outros”. E um significado simples da palavra “graça” podemos trazer a
todos os senhores, nesta oportunidade: quer dizer “favor imerecido”, e também a
palavra “graça” tem algo mais profundo que representa tudo o que é belo, tudo o
que é bonito da parte de Deus. Mas o que ocorreu agora nos Estados Unidos é
algo trágico, algo feio, escuro, algo muito triste que as nossas palavras não
descrevem, mas deixamos, neste momento, “graça e paz”. E vemos que o resultado
da paz, o grande segredo para que tenhamos paz, para que haja paz entre os
povos, na Terra, que é composta de milhões e milhões de seres humanos, etnias e
etnias, o grande segredo da paz, a grande fonte, o grande canal que nos traz a
paz é uma pessoa chamada Jesus Cristo. E, para finalizar essa reflexão, eu
quero ler as palavras do apóstolo Paulo, na epístola aos Efésios, capítulo 2,
versículo 11, que diz:
“Portanto,
lembrai-vos de que outrora vós, gentios na carne, chamados incircuncisão por
aqueles que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, naquele tempo
estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças
da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas agora” - chamo a
atenção para essa palavra “agora” - “em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis
longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque Ele é a nossa paz.”
Ouçamos,
portanto, em nome do Senhor Jesus Cristo, estas palavras: Ele, o Senhor Jesus,
é a nossa paz. Estejamos unidos pela graça e pela paz. Na epístola de Paulo aos
Filipenses, capítulo 4, versículo 7, diz que:
“E
a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as
vossas mentes em Cristo Jesus.” Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Almerindo Filho está com a palavra
e falará em nome da Igreja Universal do Reino de Deus.
O SR. ALMERINDO FILHO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores, funcionários da Casa e todas as autoridades eclesiásticas aqui
presentes.
Eu
lembro que, na terça-feira, quando passei em minha casa, a minha esposa ligou a
televisão e estavam passando as imagens dos ataques dos terroristas ocorridos
em Nova Iorque e Washington. Eu comecei a olhar aquelas imagens e, não podemos
negar, nós, que praticamos a palavra de Deus, que isso tudo está escrito nas
escrituras sagradas, ou seja, de que os últimos dias seriam dias de guerra.
Então, houve uma reflexão muito grande no meu coração, vendo a tamanha
catástrofe que aconteceu - há uma semana, e que ainda continua ocorrendo -
porque Nova Iorque está um caos. Lembrei de uma certa passagem da Bíblia:
“Portanto,
eu vos julgarei, a cada um, segundo os seus caminhos, ó casa de Israel.
Convertei-vos e desviai-vos de todas as vossas transgressões; e a iniqüidade
não vos servirá de tropeço. Lançai de vós todas as vossas transgressões com que
transgredistes, e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, por que
morreríeis, ó casa de Israel? Porque não tenho prazer na morte de ninguém.”
Essas
são as palavras de Deus, na Bíblia. “Portanto, convertei-vos e vivei”. Não há
dúvida de que, naquele momento, fiz uma reflexão e me perguntava por que Deus
permitiu acontecer aquilo? E, como o pastor falou, Jesus Cristo nos deixou a
paz, a verdadeira paz em nossos corações. Então, eu estou, aqui, para dizer a
todos os Vereadores presentes, à Mesa, à Sr.ª Consulesa que está aqui, que, em
seguida que vi aquelas imagens, fui até o quarto e fiz uma oração por toda a
população dos Estados Unidos. Aos mortos, a Bíblia diz o seguinte:
“Assim
como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, depois disso, o juízo.” Os
mortos já não sentem mais, mas quem está sofrendo, neste momento, é aquele pai,
é aquela mãe, é aquele irmão, é aquela irmã. Aqueles dois prédios eram prédios
comerciais, e lá trabalhava aquele amigo de trabalho, aquela amiga de trabalho,
aquela vizinha. Sei da história de um rapaz que, quando se estava dirigindo à
primeira torre do World Trade Center, voltou, porque tinha esquecido algo e
escapou da morte. Aquele rapaz está sofrendo pelos mortos. Mas, conforme diz a
Bíblia, nós morremos e já entramos no Juízo de Deus. Então, é aqui na Terra que
nós temos que nos afastar das transgressões e temos, também, de aceitar Jesus
em nossos corações, para que a Sua paz venha a estar no nosso interior. E está
provado neste capítulo 18, versículo 32, de Ezequiel, que eu vou repetir:
“Porque
não tenho prazer na morte de ninguém”, diz o Senhor Deus, “Portanto,
convertei-vos e vivei.” Eu deixo esta mensagem a todos, até mesmo aqueles que
não praticam, que não lêem muito a palavra de Deus, sabem que o Nosso Senhor
Jesus, na cruz, disse: “Pai, perdoai-os, porque eles não sabem o que fazem.”
Então, dentro do coração de Jesus estava a paz, estava o perdão, estava a vida.
Por isso, Ele venceu a morte. Ele é o autor e o realizador da nossa fé. Um
abraço a todos, e ao povo dos Estados Unidos, parentes, amigos, maridos que
estão viúvos, esposas que estão viúvas, filhos que estão órfãos, as minhas
orações serão freqüentes, diariamente. Muito obrigado por ter podido participar
desta homenagem.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O pastor Carlos Frederico Dreher, da
Igreja Luterana, está com a palavra.
O SR. CARLOS FREDERICO DREHER: Muito boa-tarde, irmãs e irmãos aqui
presentes. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, lamentavelmente, o aprendizado da
paz passa pelo conflito e pelo confronto. É por isso que é muito bom termos
sido convidados para refletirmos, aqui em conjunto, como gente comprometida com
a paz a partir do seu ministério, a partir da sua vocação, como pastores, no
povo de Deus. E nós devemos compartilhar com os presentes e com outras pessoas
que eventualmente nos ouvem, um desafio que vem da própria palavra do Senhor
Jesus Cristo. Não podemos nos conformar com a violência, mas também não podemos
nos conformar com desejos de vingança, porque toda a violência gera nova
violência, e o desejo de paz fica sempre mais comprometido. Nós temos, nós,
todos, cidadãos do mundo, não só americanos ou asiáticos, mas de todas as
partes do mundo, presentemente, um grande desafio: colocar uma pedra basilar
para a construção de algo novo no mundo.
Se
ouvíssemos, por exemplo, a pregação de Jesus Cristo e dos seus apóstolos,
poderíamos dizer: “Vamos parar com isto agora.” Eu lembro de um trecho de uma
das Cartas do apóstolo Paulo onde ele, inspirado nas próprias palavras de
Jesus, diz: “Não retribua o mal com o mal, mas vença o mal com o bem”. Porque
assim está escrito: “A vingança é minha, diz o Senhor, eu retribuirei.”
Eu
confesso para vocês que tive o mesmo sentimento, como os milhões de cidadãos
norte-americanos, no momento em que vi, pela primeira vez, a imagem daquela
agressão, ou seja, o sentimento de que tem de haver punição. Tem de haver busca
dos culpados, sim. Tem de haver justiça para quem cometeu crime, tem de haver
compaixão para com as vítimas, solidariedade para com os sobreviventes,
familiares de vítimas, e, acima de tudo, tem que se cumprir a vontade de Deus
de que a sua paz seja implantada no mundo. Então, lembro, afinal, a palavra de
Jesus: “Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou, não como a dá o mundo, porém Eu
venci o mundo.” Vamo-nos deixar inspirar pela sua maneira de implantar a paz no
mundo. Amém. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Sr. Luís Eduardo Prates da Silva,
Pastor da Igreja Metodista no Brasil, está com a palavra.
O SR. LUÍS EDUARDO PRATES DA SILVA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, prezados
irmãos e irmãs, autoridades religiosas, quero ser aqui porta-voz de uma
mensagem do Colégio dos Bispos da Igreja Metodista, escrita no dia 12 de
setembro, portanto um dia após os acontecimentos. Em epígrafe, nesta mensagem,
palavras do apóstolo Paulo aos Romanos, capítulo 12, versículo 18: “Se
possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.”
“O
mundo está estarrecido com os recentes acontecimentos nos Estados Unidos. Os
eventos chocam por sua crueldade e ousadia, além do inesperado que constituem.
As cenas que assistimos pela TV e vemos em jornais e Internet nos surpreendem e
causam grande angústia e preocupação. Há muito tempo não se via um ataque tão
ostensivo a um país do porte dos Estados Unidos, o que gera um temor quanto ao
nível e à forma da reação que virá.
Solidarizamo-nos
com o povo americano em seu momento de dor e comoção nacional. Estendemos
nossas mãos para, juntos, protestar pelo absurdo que a violência representa,
porque nada de valor traz para a humanidade e por nada se justifica. Pessoas
inocentes, trabalhando, visitando ou simplesmente estando ali, sofrem agruras
de um conflito cujas bases não estão em seu dia a dia.
Por
essa razão, absolutiza-se mais o clamor pela paz. O resultado das guerras no
mundo, sempre foram um sentimento de desolação e vazio. Os prédios podem ser
reconstituídos, as ruas reformadas, os negócios retomados. Mas as vidas
perdidas ficam como um vácuo no espaço da saudade, da dor e do desespero. Os
gritos das vítimas ecoarão ainda por muito tempo nos ouvidos do mundo.
Mas,
apesar de sua grandiosidade, esse ataque não é o único que ocorre no mundo.
Todos os dias as pessoas morrem, vitimadas pela violência da guerra em países
pequenos e grandes. Atentados se sucedem em todos os continentes, como nos
atestam os conflitos destacados pela mídia internacional: Europa, África,
Oriente Médio, entre outros. E a morte cruel é a mesma para povos de diferentes
nacionalidades. A saudade é a mesma, o sangue derramado não se distingue entre
as etnias. O absurdo é o mesmo, não importando mais quem tem razão no conflito.
A guerra não traz vencedores, apenas sobreviventes.
Por
isso, como a Igreja Metodista no Brasil, fazemos uma opção pela paz e nos
colocamos solidariamente ao lado de todos os que choram seus mortos e sofrem a
dor de perder familiares, amigos, empregos, bens reunidos à custa de um
trabalho duro. Colocamo-nos ao lado dos inocentes surpreendidos numa
terça-feira que parecia ser de mais absoluta calma. Colocamo-nos ao lado dos
que defendem a paz a ponto de, não raro, morrer lutando pela vida.
Cremos
que as autoridades constituídas e o Presidente dos Estados Unidos terão plena
consciência e certeza da responsabilidade que seus atos acarretarão sobre seu
país e sobre o mundo. Esperamos que as heranças cristã e Wesleyana de defesa da
paz, da vida e da justiça estejam diante dos olhos presidenciais ao tomar
quaisquer medidas.
Que
as pegadas pela paz, deixadas por grandes homens e mulheres do passado e do
presente, não sejam apagadas pelo sangue de outras vítimas de um sistema
mundial que ainda se apresenta injusto e sem fraternidade. Ao contrário, que
esse anseio por um mundo melhor se concretize logo. Que o Reino de Deus brilhe
sobre nossas vidas, para que nossos olhos não vejam mais cenas como as que
temos acompanhado pelos meios de comunicação. Que chegue logo o dia, enfim, em
que Deus enxugará de nossos olhos toda a lágrima, a fim de que enxerguemos, em
plenitude, o novo Céu e a nova Terra, nos quais habita a Justiça. Conclamamos a
todos os brasileiros a interceder pelas vítimas e familiares neste instante de
dor e sofrimento.
Lembremo-nos
também de todas as pessoas, cotidianamente, vitimadas em ataques e conflitos em
todo o mundo.
Na
paz de Cristo, Colégio Episcopal da Igreja Metodista.”
Quero
terminar com apenas uma frase da oração de São Francisco, que seja também a
nossa oração: “Onde houver ódio, que eu leve a paz”. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Sr.ª Consulesa dos Estados Unidos da
América, em Porto Alegre, Dr.ª Debra Tabusa de Godoy, está com a palavra.
A SRA. DEBRA TABUSA DE GODOY: Boa-tarde, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Sr.as Vereadoras, muito obrigada por esta homenagem ao
povo dos Estados Unidos. O povo gaúcho é muito acolhedor com todo o mundo.
Quero agradecer de coração. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Todas estas autoridades eclesiásticas, à
sua maneira, pronunciaram-se na mesma direção, no mesmo caminho, que é o
caminho do entendimento, o caminho da paz. Neste momento, nesta reflexão que
fazemos no nosso íntimo, oramos pela paz. Porto Alegre, assim como o mundo
todo, ficou perplexa, mas, de uma maneira ou outra, queremos, da nossa forma,
orar pela paz.
Agradecemos
a presença dos Senhores e Senhoras. Damos por encerrado este ato e
interrompemos a Sessão para as nossas despedidas. Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às14h59min.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia – às
15h02min): Estão
reabertos os trabalhos. Passamos à
TRIBUNA POPULAR
O
Sr. Edison Baptista Chaves, Presidente-Executivo da Fundação Porto Alegre
Congressos e Eventos, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.
O SR. EDISON BAPTISTA CHAVES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como
Presidente da Fundação de Congressos e Eventos de Porto Alegre, conhecido com o
nome tradicional no mundo inteiro de Porto
Alegre Convention and Visitors Bureau, eu gostaria de deixar com os
senhores uma perfeita idéia do nosso trabalho, da importância do mesmo e do
apoio que necessitamos desta Casa.
Em
fevereiro, estive na Feira de Turismo de Madri; caminhei um dia inteiro e
achava que tinha visitado todos os estandes de todos os países. Qual não foi a
minha surpresa, quando me disseram que existiam mais três pavilhões? Em cima
dessa palavra “turismo” o mundo inteiro está à procura de retirar benefícios. O
que é turismo, quando se pensa que ele venha a fazer parte do setor econômico?
É uma atividade bastante complexa, que se embrenha por todas as demais, quer
sejam comerciais, culturais, esportivas, de lazer, enfim, de cada uma dessas
atividades, nós temos de ter uma relação de cunho econômico dessa atividade.
O
que são os Convention Bureau? O
primeiro Convention Bureau que surgiu
no mundo foi na Cidade de Detroit em 1894. Com que intenção foi criado um Convention Bureau? Com a intenção de
mudar a configuração econômica daquela Cidade, que era uma cidade voltada à
fundição, principalmente, à fabricação de fogões, no longínquo ano de 1894, e
sua população antevia que deveria ter outras oportunidades e outras
configurações. Criou-se uma entidade privada, com o apoio do comércio local e
com o apoio da iniciativa privada americana, sem fins lucrativos, com todas as
suas características.
Já
nesse primeiro Convention Bureau
surgiu aquilo que é a força dos Convention
Bureau atualmente. Porque, nessa mesma Cidade, estava iniciando a atividade
de Henry Ford e a produção automobilística. E o que fez o Convention Bureau de Detroit? Atraiu visitantes para participarem
de grandes congressos. O que é um congresso? É a procura de conhecimentos.
Henry Ford necessitava treinar vendedores e mecânicos para automóveis, que não
existiam. E o Convention Bureaus de
Detroit foi quem assumiu essa função.
Outro Convention Bureau, que serve de padrão no mundo - são, hoje, em torno de 600 no mundo - é, infelizmente, o de Nova Iorque. Infelizmente, pelos dias atuais. Mas marquem, marquem que o Convention Bureau de Nova Iorque vai ter um trabalho fantástico de revitalizar aquela Cidade, apesar de toda esta tragédia que lá ocorreu, porquanto o Convention Bureau de Nova Iorque, está trabalhando com as autoridades e com a iniciativa privada daquela Cidade. Nova Iorque, na década de 70, era uma Cidade falida e, por meio dessa associação de trabalhos, conseguiu-se revitalizar a Cidade de Nova Iorque em aspectos muito importantes, louvando as autoridades em pensamento e a visão do viajante, levando para Nova Iorque aquele adicional de compra, da renda de outras atividades, de outros países e de outros estados americanos.
Nova
Iorque recebia 40 milhões de visitantes para compra e para o setor de
conhecimento por ano, sendo que, desses 40 milhões, 35 milhões eram os próprios
americanos que iam a Nova Iorque. Lá se desenvolveram todos os aspectos de
lazer, a evolução do comércio, os esportes, a cultura, que eram visitados e
usados por esses visitantes. Eu falo muito no setor de conhecimento, porque é o
setor que mais dá oportunidades.
O
que é um congresso? Não é muito da nossa cultura participarmos de congressos.
Agora, não há americano que, na sua profissão, não participe de um ou, a
maioria, de dois congressos por ano, porque é a forma de se reposicionar
profissionalmente. Este é o grande potencial do congresso: o reposicionamento
profissional. Eu tenho uma cunhada que leciona na Universidade de Stanfford.
Ela é obrigada a participar de dois congressos por ano. Não que ela vá aprender
coisas, mas um congresso é uma grande vitrine. Ela vai sair dali com uma nova
diretriz, uma nova ordem para onde se deve posicionar.
O
maior potencial de Porto Alegre, além da estrutura, dos equipamentos montados
em Porto Alegre, tanto de hospedagem como de centro de eventos, é, hoje, com um
centro de feiras. A FIERGS dotou a Cidade de um belíssimo centro de feiras. O
centro de feiras, hoje, não é mais um pavilhão onde se expõe. O centro de
feiras, hoje, tem de ter todo um apoio tecnológico, e hoje nós temos, na Cidade
de Porto Alegre, creio, o mais moderno centro de feiras do Brasil, penso que
até da América do Sul. Porto Alegre vai ser um centro de excelência de
conhecimento, principalmente na área médica. O conhecimento, de modo geral, no
mundo, duplica a cada cinco anos, mas na área médica, está duplicando a cada
três anos. O profissional que se quiser manter atualizado nessas áreas vai ter
de participar de congressos. Esse é o ordenamento que nós queremos dar a esta
Cidade, para atrairmos a Porto Alegre visitantes dessa área do conhecimento.
Com o que nós já temos no setor de cardiologia, com o que nós já temos nos
setores médicos mais variados, principalmente no futuro Hospital de
Transplantes da Santa Casa de Misericórdia, nós seremos, indiscutivelmente, um
dos estados do Brasil de maior excelência dentro dessa área e teremos de trazer
para cá todo aquele que quiser se reposicionar na sua profissão dentro dessas
variadas especializações médicas, principalmente agora em que está entrando a
engenharia médica que necessita inclusive dispor os seus produtos.
Nos
estamos trabalhando, o Convention Bureau
de Porto Alegre tem cinco anos, e já atraiu um número muito grande de
congressos. Para caracterizar isso, dou conhecimento a V. Ex.as, um
dos primeiros congressos que nós atraímos foi o de Direito Agrário, o Congresso
Mundial de Direito Agrário. A nossa Universidade Federal do Rio Grande do Sul
publicou os Anais e nós tivemos uma surpresa gigantesca. Com esse pequenino
problema que é o setor agrário no Brasil, nós temos muito poucas, e pode-se até
dizer quase que zero, Faculdades com a cadeira de Direito Agrário. A
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - como trouxemos para cá, fomos
buscar em Nova Deli esse Congresso Mundial de Direito Agrário - tem hoje um
dossiê completo de como é que todos os povos do mundo enfrentam as suas
diversas problemáticas desse setor.
Necessitamos
também preparar a Cidade, por isso que no Convention
Bureau eu, pessoalmente, que tenho um cargo honorífico, participo do
Programa de Revitalização do Centro, participo do Conselho de Segurança da
Cidade, porque, a exemplo do que eu aprendi, inclusive com o Convention Bureau de Nova Iorque, é
preciso ter aqueles dias de tolerância zero e o evento muito se presta para
isso. Naqueles dias em que nós levarmos os eventos ao Centro da Cidade, todos
os programas sociais terão de estar funcionando, os programas de segurança, de
limpeza, os nossos fantásticos centros culturais de que dispomos no Centro de
Porto Alegre.
Senhores,
falar do Convention Bureau, da teoria
que envolve, dos caixeiros-viajantes que nós temos pelo mundo, do trabalho a
longo prazo dos serviços prestados, seria bastante prolongado. Eu estou à
disposição de V. Ex.as para qualquer indagação que desejarem. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando
Záchia): Convidamos o Sr. Edison Baptista Chaves para participar da Mesa.
O
Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra nos termos do art. 206 do
Regimento.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr.
Edison Baptista Chaves, em nome do PSB, queremos parabenizá-lo, porque
realmente o turismo hoje é o grande emulador econômico do mundo. Esses eventos
ou congressos, mobilizam as pessoas em busca do conhecimento e, ao mesmo tempo,
proporcionam a cada uma dessas pessoas que, nos diversos locais onde buscam o
conhecimento, possam fazer as suas compras e conhecer os locais.
O
senhor trouxe um dado muito interessante quando diz que nos Estados Unidos os
diversos profissionais são estimulados. E é isso que falta ainda na nossa
Cidade, no nosso Estado e no nosso País: é fazer com que cada vez mais os
profissionais possam circular em busca do conhecimento e, ao mesmo tempo,
estimular o turismo.
Porto
Alegre, como epicentro geográfico da região do Mercosul, tem todas as condições
para trazer os grandes eventos, os grandes congressos para a nossa Cidade, para
que possamos, a população de Porto Alegre, ter a oportunidade de participar
desses eventos, buscar o seu conhecimento e, ao mesmo tempo, trazer cidadãos do
mundo para que possam conhecer a nossa Cidade e termos, enfim, o
desenvolvimento do turismo.
Então,
o Partido Socialista Brasileiro queria parabenizá-lo e dizer que esta deve ser
uma campanha de todos os porto-alegrenses. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Meu caro Presidente, meu caro Edison
Baptista Chaves, Presidente Executivo da Fundação Porto Alegre Congresso e
Eventos. Ouvindo-o, eu lembrei-me da figura extraordinária do José Loureiro da
Silva que, quando Prefeito, numa frase lapidar, dizia que, cada vez mais, se
orgulhava de ser porto-alegrense, porque via no seu povo uma concentração de
pessoas extraordinárias, que tinham esperança no seu futuro. E o Convention Bureau dá aos
porto-alegrenses essa demonstração do que esse povo é capaz de fazer por Porto
Alegre, atraindo o público para nós, atraindo riquezas, atraindo qualidade de
vida para todos nós. Eu fiquei realmente encantado por se pretender promover o
Centro de Excelência de Conhecimento. E, realmente, em Porto Alegre é impressionante
a categoria dos profissionais na área médica. Eu mesmo, há bastante tempo, na
Inglaterra, vi o quanto eram respeitados os médicos porto-alegrenses. Portanto,
cumprimentos, e espero que continuem com o mesmo entusiasmo e que alcancem os
objetivos, que os bons objetivos alcançados serão sempre em favor da população
porto-alegrense. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Nereu D'Avila está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento, por
cedência de tempo do Ver. Ervino Besson.
O SR. NEREU D'AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver.
Ervino Besson, em um gesto de grandeza, cedeu-me o seu tempo, até pelo meu
relacionamento pessoal com o Edison Baptista Chaves. Quero, em primeiro lugar,
saudá-lo, porque sabemos a história do Edison e de sua mãe, D. Dilma, de
saudosa memória. Mas eu queria me solidarizar, também, em nome da nossa Bancada
que aqui está - o Ver. Isaac Ainhorn, o Ver. Ervino Besson, o Ver. Humberto
Goulart e o Ver. João Bosco Vaz - com o seu pronunciamento. E lamentamos,
inclusive, que a Cidade de Porto Alegre, que - sem sombra de dúvidas, tem
inúmeras atrações, se bem exploradas - regrediu. Nós tínhamos aqui, mal ou bem,
um turismo, um setor de turismo que foi absorvido, com a nossa discordância
aqui na Câmara, da nossa grei partidária, porque entendemos, e muitos
Vereadores entendem, que o encaminhamento em outro rumo traria divisas, traria
novos investimentos de uma maneira bastante acentuada, se bem explorado o
turismo em Porto Alegre, até com a criação de uma Secretaria Municipal de
Turismo.
Portanto,
nesse teor, creio que a Administração Popular regrediu com a exploração do
turismo em Porto Alegre. E, mais do que isso, a Administração sabe muito, tanto
que agora em questões culturais soube ter a parceira de bancos poderosos que,
naturalmente promovem, quando querem, o desenvolvimento em parcerias. A
iniciativa privada não pode, e não deve, ser descartada. Portanto, as suas
palavras nesta tarde, acrescentam, enriquecem e trazem este tema fundamental do
incremento do turismo em nossa Cidade. Esperamos que continue a disseminá-la e
terá sempre o apoio do nosso Partido, o PDT. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Adeli Sell está com a palavra nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr.
Edison Batista Chaves, ao cumprimentá-lo, cumprimento a Diretoria e
funcionários do Convention Bureau.
Para nós, do PT, é muito importante ouvi-lo nesta tarde, principalmente quando
aborda a grande possibilidade, o potencial, o nosso futuro, na minha opinião,
porque nós devemos e vamos concretizar esse sonho de todos nós, que é
transformar Porto Alegre na Capital Turística do MERCOSUL, uma cidade de
feiras, uma cidade de eventos, uma cidade de captação de atividades em todos os
ramos. O destaque que V. S.ª dá à área da Medicina, à área do conhecimento é
muito bem colocada, e Porto Alegre precisa pensar, urgentemente, em novos espaços
para atividades dessa magnitude.
Nós,
meu caro Edison, discutimos, na semana passada, aqui, como Pauta, um Projeto do
Executivo, que trata do sistema urbanístico do Estaleiro Só, onde V. S.ª
trabalhou por muitos anos e conhece muito bem o quanto será importante resgatar
essa área para a Cidade. Provavelmente, teremos ali um grande complexo
turístico, cultural e de lazer para a Cidade de Porto Alegre. Nós temos de
pensar em vários espaços do Quarto Distrito, hoje desocupados, algumas fábricas
e alguns outros implementos que podem ser utilizados de forma muito positiva
para feiras e eventos em nossa Cidade. Nós também não podemos esquecer de que
Porto Alegre é Capital do Estado, está ao lado do Parque de Exposições Assis
Brasil, que hoje está num processo
de subocupação, e vimos como o próprio evento da Expointer praticamente paga,
num só evento, toda a atividade do ano naquele local. É um processo de
discussão que estamos acompanhando, e queremos estar solidários, mais do que
nunca, com o trabalho do Convention
Bureau e parabenizá-lo por ser um dos instigadores do turismo neste Estado,
desde quando V. S.ª foi o nosso primeiro Secretário Estadual de Turismo. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Dr.
Edison é uma figura conhecida da Cidade, uma liderança que temos, um homem de
visão. Quero dizer que a nossa
tradição, não sei se latino-americana, mas brasileira, não tem, por assim
dizer, nesta ferramenta, que é o congresso, que é o evento, o instrumento para
criar, decidir, enfim, que é utilizado pelas nações altamente desenvolvidas - e
talvez sejam desenvolvidas - porque tiveram neste instrumento uma das formas e
caminhos para atingir esse desenvolvimento. Cumprimento V. S.ª e à Fundação
Porto Alegre Congressos e Eventos, pela importância que tem e pelo que pode
despertar, porque se o congresso, se o evento é uma forma de conhecimento,
também é uma forma de decisão, uma forma de criar e de recriar. É instrumento
de encaminhamento com esse enorme potencial ainda não descoberto, porque nós
temos um potencial adormecido. Quando vemos todo um envolvimento, aqui no nosso
Estado, durante a Semana Farroupilha, toda essa vitalidade gaudéria que nós
temos, é algo que está aí, está adormecido à espera de um instrumento capaz de
transformar isso em riqueza, não só em fato histórico, em vivência cultural,
mas, sim, em instrumento econômico no interesse da população e no interesse da
Cidade. Cumprimento V. S.ª. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia):
Muito obrigado, Ver.
Elói Guimarães e às diversas Bancadas da Casa que se manifestaram.
Sr.
Edison Baptista Chaves, pode ter a certeza que a sua presença colaborou muito.
Leve com V. S.ª a certeza de que os 33 Vereadores estarão empenhados, dentro
das nossas limitações, para que Porto Alegre possa ser um pólo, um centro do
turismo do nosso Brasil. Estão suspensos os trabalhos para as despedidas Muito
obrigado.
(Suspendem-se
os trabalhos às15h25min.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia – às
15h26min): Estão
reabertos os trabalhos. Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
3341/01 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 020/01, de autoria do Ver. Raul Carrion, que dispõe sobre segurança em estabelecimentos comerciais e
congêneres; altera a Lei Complementar nº 284, de 27 de outubro de 1992, e
alterações posteriores, e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC.
2976/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 197/01, de autoria do Ver. Humberto Goulart, que dispõe sobre a obrigatoriedade de ser feita a coleta de preventivo
de câncer de colo uterino em 80% das mulheres que compareçam em qualquer Posto
de Saúde que compõem a rede de atendimento do Município de Porto Alegre.
PROC.
3431/01 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 007/01, de autoria do Ver. Marcelo Danéris, que altera dispositivos da Lei Orgânica do Município. (Licença do
Prefeito)
PROC.
3506/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 023/01, que
institui o Programa de Garantia de Renda Mínima associada a ações
sócioeducativas, e determina outras providências.
PROC.
3548/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 079/01, de autoria da Mesa Diretora, que extingue um cargo
em comissão de Assessor em Assistência Social do Quadro de Cargos em Comissão e
Funções Gratificadas deste Legislativo e cria os cargos efetivos de Contador I,
Psicólogo, Assistente Social e Jornalista Repórter-Fotográfico no Quadro de Cargos
Efetivos da Câmara Municipal
de Porto Alegre e dá outras providências.
3ª SESSÃO
PROC.
3505/01 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 005/01, que
acrescenta o inciso III ao § 2º
do art. 61 da Lei Complementar nº 434, de 1º de dezembro de 1999.
(garagens/centro)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): A Ver.ª Maristela Maffei está com a
palavra para discutir a Pauta.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores, há dois Projetos que considero de suma importância nesta Casa. Em
primeiro lugar, o Projeto do Ver. Marcelo Danéris, que altera dispositivos da
Lei Orgânica do Município, o qual, com certeza, vai dirimir alguns
constrangimentos que nós enfrentamos no quotidiano a respeito das viagens
necessárias e pertinentes do Prefeito Municipal de Porto Alegre. Portanto, eu
acredito que os nobres pares desta Casa vão apoiar o Projeto, Ver. Marcelo
Danéris, pelo seu mérito e objetividade. Parabéns.
O
segundo Projeto, também de suma importância para a nossa Cidade, institui o
Programa de Garantia de Renda Mínima associada a ações socioeducativas e
determina outras providências. Uma das questões prioritárias no quarto mandato
da Administração Popular, do Prefeito Tarso Genro, é a inclusão dos excluídos
da nossa Cidade. Nós sabemos que é algo paliativo e nós temos que colocar em
prática, até mesmo porque diz respeito a um Projeto também ligado ao Governo
Federal. Nós, com certeza, com mais essa parcela importante, vamos estar
incluindo em Porto Alegre um Programa sério.
Hoje,
pela manhã, tivemos, nesta Casa, a assinatura de um termo importantíssimo entre
uma escola e a Câmara de Vereadores, onde nós vamos ter alunos de jardinagem
que vão cuidar dos jardins. Eram jovens excluídos da sociedade e que, hoje,
estão incluídos dentro deste Projeto, mostrando a prática de que, quando
realmente nós investimos, Ver. João Antonio Dib, naquelas pessoas que foram
excluídas, elas têm a capacidade de desempenhar a sua profissão. E o Projeto do
Programa de Garantia de Renda Mínima também vem ao encontro disso, porque, com
certeza, com a jurisprudência que hoje nós fizemos valer na nossa Cidade,
também esses outros projetos venham a se somar e mais e mais pessoas poderão
ser profissionalizadas, capacitadas, para contribuir com a nossa sociedade.
Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Nós queremos informar aos Srs. Vereadores
que o Ver. José Fortunati está representando esta Casa na Sessão Solene em
homenagem à Semana Farroupilha, na Assembléia Legislativa.
O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores, é uma pena que o nosso câmera não fixou a pilcha da Ver.ª Maristela Maffei. Ela está em plena Semana
Farroupilha, e realmente é muito importante, muito interessante, porque as
nossas tradições devem ser permanentemente cultuadas e a Vereadora está fazendo
isso hoje.
O
Projeto do Ver. Marcelo Danéris é claro que não vai passar e não teria nem necessidade
de estar aqui sendo debatido, porque precisa de 22 votos e não vai conseguir 22
votos. Uma Emenda à Lei Orgânica é difícil, até porque a proposição do Ver.
Marcelo Danéris contraria a Constituição Estadual e a Lei Orgânica, por
simetria, deve se subordinar à Constituição Estadual que diz que o Governador
para se afastar do País, por um minuto, precisa de autorização da Assembléia
Legislativa. O Ver. Marcelo Danéris quer que o Prefeito possa se afastar por 14
dias do País sem necessidade de autorização Legislativa. Preocupa-me a
Vereadora Maristela Maffei comemorando o tradicionalismo gaúcho, comemorando a
Semana Farroupilha, principalmente os Farroupilhas são pessoas que cumprem a
Lei. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu penso que nós temos muita Lei nesta
Casa, e há uma preocupação, de repente, de fazer leis até para agredir. O Ver.
Raul Carrion está ali concentrado estudando, por certo, para falar na Pauta,
talvez.
O
Vereador tem um Projeto de Lei que dispõe sobre a segurança em estabelecimentos
comerciais e congêneres, instituição financeira. Ele quer que os prédios onde
funcionem lojas, bancos, centros comerciais em geral que tenham mais de 1000
metros quadrados, tenham um acesso físico exclusivo para veículos que coletem
valores e depois os transportem. Muito bom, eu penso que o Vereador está
acertado, vou cumprimentá-lo. Nós estamos vivendo num outro mundo, onde há
insegurança total, nós precisamos dar condições de segurança, dar condições de
acesso e saída para esses valores para que o façam até protegendo a vida de
quem transporta. Mas agora, quando ele diz que fica o cumprimento do disposto
nesta Lei Complementar os estabelecimentos referidos no artigo 1º, para o
cumprimento terão o prazo de 90 dias - aí eu não posso aceitar. É absolutamente
inviável que numa série de casos isso venha a ocorrer. Então, nós vamos fazer
uma lei sabendo que ela não poderá ser cumprida; mas nós vamos exigir que o
prédio que foi construído há 10, 15, 20 vinte anos e não tenha como fazer o
acesso, então, ele vai ter que fechar, porque não tem maneira. Ele não diz como
vai ser, só diz como vai ser multado e as multas nunca serão pequenas.
Interdição, cassação, isso não é nada, mas já começa com 10 mil unidades
financeiras municipais. A primeira multa de 10 a 50 mil unidades financeiras
municipais, a URM.
O Sr. Raul Carrion: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Em primeiro lugar, agradecemos a V. Ex.ª pelo seu elogio ao nosso
Projeto, pois o essencial é a parte que V. Ex.ª elogiou. Queremos dizer que estamos
abertos a emendas para aperfeiçoar o Projeto e, certamente, contaremos com o
seu apoio e com a sua ajuda para torná-lo, se não perfeito, mas o mais adequado
possível para a nossa Cidade. Ainda há poucos dias, sofremos, num desses shopping centers, um assalto; foi uma
pessoa que estava no meio de uma troca de tiros que me chamou e pediu este
Projeto. Então, estamos abertos e penso que esta Casa está aqui para que um
ajude o outro a aperfeiçoar os seus projetos. Agradeço a sua intervenção e
confio que, com as suas emendas, V. Ex.ª contribuirá para o aperfeiçoamento do
mesmo.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu volto a dizer que é importante que
haja prevenção, que acha preocupação com a saúde e a vida daquelas pessoas que
transportam valores. De repente, os valores podem ser queimados, mas a vida
humana não deve ser sacrificada e muito menos pode alguém depois sofrer
percalço por longa vida, porque foi baleado, porque foi assaltado. Então, penso
que está correta a justificativa de V. Ex.ª. Tem de haver a preocupação, porém,
penso que, de repente, é muito difícil, temos que procurar, até chamar a SMOV,
o Planejamento, enfim, quem possa dar contribuição, porque a idéia é boa, mas a
aplicação é mais rigor do que solução. Mas vejo que V. Ex.ª tem boa vontade e
isso também é muito importante. Saúde e paz!
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra
para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Meu caro Ver. Paulo Brum na Presidência
desta Sessão, Sr.as e Srs. Vereadores, cidadãs, cidadãos de Porto
Alegre, o Governo Municipal nos apresenta um Projeto de Lei que institui o
Programa de Garantia de Renda Mínima associada às ações socioeducativas.
Trata-se, na verdade, de fazer, por meio deste Projeto de Lei, os chamados
convênios com a Bolsa-Escola do Governo Federal. Eu penso que em boa hora se
toma essa medida e queria destacar a importância do artigo 4º desta Lei que diz
que fica designado o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, o CMDCA, para atuar como Conselho de Acompanhamento e Controle
Social do Programa de Garantia de Renda Mínima com várias competências, entre
elas acompanhar e avaliar a execução definida na forma do parágrafo 1º do
artigo 2º, aprovar a relação de famílias cadastradas pelo Poder Executivo, com
o beneficiário do programa, aprovar os relatórios trimestrais, estimular a
participação comunitária, desempenhar as funções reservadas ao regulamento do
Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Bolsa-Escola, enfim, o CMDCA vai
fazer esse acompanhamento.
Acho
boa a idéia, o Ver. Paulo Brum nos assopra que vai pedir urgência, acho
correto. Ontem, nós tivemos, aqui, na Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e
Defesa do Consumidor, presidida pelo Ver. João Bosco Vaz, um debate, na minha
opinião, proveitoso, pelo menos em parte, com alguns conselheiros tutelares, e
apareceu essa discussão da evasão escolar. Tentou-se fazer, por parte de
alguns, uma confusão entre a responsabilidade do professor, que nós sabemos que
tem responsabilidade, sem dúvida nenhuma, com o processo de ensino e
aprendizagem. Nós, infelizmente, no ano de 2001, por mais avanços que tenhamos
nos estudos psicopedagógicos, e Porto Alegre sempre esteve na vanguarda de
trazer para dentro da rede municipal de ensino as melhores contribuições na
área pedagógica, mas mesmo assim nós vivemos numa Cidade conturbada e sabemos
que há muita evasão escolar.
O Sr. Aldacir Oliboni: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Adeli Sell, quando V. Ex.ª falou em ensino, lembrei de um
grande acontecimento que teve no Hospital de Clínicas hoje, onde compareceu o
Vice-Presidente da República, Sr. Marcos Maciel. Lá foi feita uma grande
homenagem pelos 30 anos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, e uma grande
valorização do quadro dos seus servidores. Então nós não podemos deixar, aqui,
de lembrar esses 30 anos do Hospital de Clínicas, um Hospital que faz 99% dos
serviços pelo SUS e que seu quadro funcional está sendo homenageado no dia de
hoje.
O SR. ADELI SELL: Bem lembrado pelo Ver. Aldacir Oliboni,
os 30 anos do Clínicas, e já me lembra, também, o Vereador...
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Alinhando-me dentro dessa homenagem que, neste momento, faz o
eminente Ver. Aldacir Oliboni, gostaria de dizer que esta Casa, na quarta-feira
que vem, às 15 horas, prestará uma homenagem aos 30 anos do Hospital de
Clínicas. É muito importante, porque é uma instituição que tem suas raízes na
década de 30, com o saudoso Presidente Getúlio Vargas, quando idealizou o
projeto do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Muito obrigado.
O SR. ADELI SELL: Muito obrigado, Ver. Isaac Ainhorn. E
como eu discutia o Projeto do Executivo que trata da questão da renda mínima,
nós sabemos o quanto é importante que instituições como o Hospital de Clínicas
e outros que dão assistência para muitas pessoas despossuídas, e aqui nós
estamos tratando, exatamente, dos despossuídos, porque a proposta, inclusive,
trata de pessoas que não têm condições de fazer com que suas crianças fiquem na
escola, porque têm uma renda familiar exígua e levam essas crianças muitas
vezes ao trabalho.
É
por isso que eu volto a reafirmar tudo aquilo que eu venho dizendo, que eu peço
a intervenção do Conselho Tutelar do Centro, que foi o único que se negou em
vir ontem, aqui, para tratar das crianças que vendem flores nas esquinas da
nossa Cidade, porque isso está contra o Estatuto da Criança e do Adolescente. A
Bolsa-Escola pode ser uma boa alternativa para ajudar essas famílias, mas tem
de ter controle e o controle está na mão do CMDCA, segundo o Projeto do
Executivo Municipal. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
quero fazer uma rápida reflexão sobre a iniciativa do Ver. Marcelo Danéris que
pretende dispensar a oitiva da Casa, no que diz respeito a licenças do Prefeito,
dentro dos parâmetros que indicam 15 dias de viagem.
Quero
dizer, Sr. Presidentes e Srs. Vereadores, que nós temos que estar atento a
Federação. Nós somos uma Federação, não somos um Estado unitário. É preciso
reiterar porque, vez por outra, se faz com que se diga que a Constituição
Federal diz isso, a Estadual diz aquilo e o Município tem de dizer também.
Absolutamente, não. Aquelas questões que estão inseridas no campo dos
princípios constitucionais e outras matérias pétreas, evidentemente que regram
todas as órbitas de poder, o Estado e o Município. Mas os municípios e o Estado
têm as suas liberdades de disporem o seu modus
vivendi, a sua administração, as suas regras e as suas normas. Então, é uma
colocação preliminar.
Eu
entendo que a tradição de Porto Alegre e a tradição de grande parte dos
municípios brasileiros é a de seus legislativos serem ouvidos quando o Prefeito
pretende sair de seu município. E o conteúdo que eu empresto a esse ato não é
de fiscalização; absolutamente não, mas tem um conteúdo de notícia, de
conhecimento. Os legislativos precisam conhecer para onde vai o Prefeito e o
que vai fazer. Isso se dá pelo instrumento formal do pedido de licença. Sou
daqueles – já disse aqui que nunca votei contra licença – que entende que as
autoridades, tanto o Executivo quanto o Vereador são responsáveis pelos seus
atos. E das suas decisões, a população julgará do acerto ou não. Essa forma de
tutela, eu não gosto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Fiscalizar sim, tutelar
não.
Então,
eu penso que o Prefeito Municipal, que foi escolhido pela população, seja de
que Partido for, se ele avalia, pelos seus assessores, enfim, nas suas
práticas, que deva viajar, eu não vejo como as Câmaras proibirem, porque essa
avaliação é dele. Ele tem as condições de avaliar suficientemente a necessidade
da sua viagem. O Legislativo, a Câmara Municipal de Porto Alegre têm de ter
presente esta verdade. Não posso conceber que alguém que chega -
independentemente de qualquer partido - ao Executivo Municipal, saia por aí se
não tiver o mínimo de densidade para fazer isso. Então, me parece que a tutela
não serve, não é democrática, mas a fiscalização, sim. A prática de o Prefeito
pedir à Casa para sair, internamente como externamente, é da transparência dos
negócios públicos. Essa é a visão que tem que se ter sobre esta matéria. A
transparência é que está em jogo. Então, por isso, sou contra a iniciativa do
Ver. Marcelo Danéris, porque este instituto da licença é bom, para que a Casa
saiba que o Prefeito vai à China - seja onde for - para fazer isso e aquilo.
Agora, a Câmara também não pode ser tutora. Isso também tem que ser compreendido pelos Vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores, quero aproveitar a Pauta de hoje para tecer comentários sobre dois
Projetos de Lei. O primeiro é sobre a
questão das garagens no Centro de Porto Alegre. Projeto este oriundo do
Executivo, para modificar a Lei Complementar. Ora, Ver. João Antonio Dib, esta
Cidade tem, hoje, em torno de 650 mil veículos, com uma população em torno de 1
milhão e 300 mil habitantes. Pelo corredor de ônibus Norte/Nordeste trafegam
centenas de ônibus. Aproximadamente, 400 mil pessoas são transportadas só no
corredor Norte/Nordeste. É evidente que as garagens são importantes; não há
dúvida disso, mas é preciso que uma Cidade que tem se alardeado como
pretendente a ser a Capital do MERCOSUL, que tem qualidade de vida destacada, a
cada dia pelo Poder Público, precisa ter uma lógica diferente no tratamento do
transporte de massas. Não é mais possível que Porto Alegre ou cidades do porte
de Porto Alegre não tenham políticas públicas para qualificar, para melhorar o
transporte de massa. A questão das garagens precisa, evidentemente, estar
associada a um debate que, infelizmente, o Poder Público Municipal tem
sonegado. Entra e sai eleição e esse assunto tem sido tema das eleições, mas
não tem sido feita a transferência do discurso para a prática no exercício
administrativo do mandato.
De
outra banda, nós já analisamos o Projeto de autoria do Ver. Marcelo Danéris,
cuja cópia temos aqui, que diz respeito a não haver necessidade de pedido de
licença à Câmara num afastamento de até 14 dias. Ora, nós temos tido, Ver. Elói
Guimarães, uma postura muito crítica aqui nesta Casa, principalmente nesta
última década, em que a Casa tem perdido as suas prerrogativas. O Prefeito tem
viajado e tem sublinhado essas viagens, com viagens extraordinárias para o
Município de Porto Alegre, então há uma contradição neste Projeto. Se o
Prefeito diz que vai à Europa, que vai nos países vizinhos buscar tecnologia,
eu penso que para o Prefeito deve ser de grande galhardia trazer a esta Câmara
um pedido, porque está, com certeza, justificado pelas suas viagens que vão em
busca do interesse coletivo desta Cidade.
Não
estou entendendo este Projeto! Disse muito bem o Ver. João Dib, de que o
Governador do Estado, para sair um minuto, tem de comunicar à Assembléia
Legislativa. O Prefeito tem viajado muito; e eu não sou contra as viagens,
desde que elas sejam para buscar qualificação do exercício para a melhoria da
Cidade. Talvez, porque o Prefeito tem viajado demais, talvez agora queiram trazer
um Projeto de Lei para informar que o Prefeito irá viajar sem comunicar à
Câmara e, portanto, sem comunicar à sociedade. Eu não estou dizendo que seja
esse o espírito, mas, talvez, possa ser. Então, eu não vejo nenhuma
dificuldade, para quem quer viajar e tem um bom projeto para buscar lá fora,
comunicar ao Poder Legislativo. Portanto, vamos votar contrários a este
Projeto. Evidente, que um dos poderes do exercício do mandato popular é a
fiscalização, Ver. Elói Guimarães. Agora, ultimamente, o Prefeito governa
suplementando verba por decreto.
Essa
é uma matéria, Ver. Elói Guimarães, que, com certeza, vamos debater novamente,
pois pensamos que há uma contradição entre o discurso e a prática. Se o
discurso é para buscar melhoria para Porto Alegre, não pode ter medo de vir
explicar para a Câmara por que está viajando ou por que quer viajar. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje,
nós tivemos, na Casa, um ato ecumênico, onde foram feitas diversas intervenções
de diferentes representações religiosas, praticamente, todas as religiões
trouxeram o seu depoimento e a sua palavra em homenagem às vítimas do
terrorismo. E o Presidente de Casa, num determinado momento, disse que iríamos
interromper a Sessão, numa manifestação, querendo-nos passar a idéia que
estaríamos sendo prejudicados com isso. Absolutamente, não! Não interrompemos
Sessão, antes pelo contrário, promovemos um ato, aqui, da maior importância,
fazendo com que a Casa esteja olhando, examinando todos esses acontecimentos
que estão ocorrendo no mundo, porque aquela visão, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, aquela visão “cameral”, por assim dizer. As correntes políticas que
entendem que a Casa é só para votar projetos, embora projetos importantes,
estão equivocadas. A Casa é uma representação política de Porto Alegre, e quem
representa a aldeia, a cidade, quem fala pela aldeia fala pelo mundo, até
porque o mundo é composto por todas as aldeias.
Tivemos
grandes momentos nesta Casa, e eu tenho dito e reiterado: a Câmara Municipal de
Porto Alegre foi um dos grandes instrumentos na luta pela redemocratização do
País, pela sua pertinência no combate que fazia à exceção, à ditadura, ela teve
um grande papel. Consultem a imprensa, informem-se do papel importante que a
Câmara Municipal de Porto Alegre teve, perdendo inclusive integrantes seus, é
bem verdade.
As
Câmaras Municipais, no Brasil, tiveram uma importância vital na
redemocratização do País. Então, esta que é uma Casa política, é uma Casa que
tem de tocar as suas questões de ordem administrativa, projetos, mas é uma Casa
política. Quem não tiver essa visão tem que se informar melhor. Então, Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, sobre esses acontecimentos que ainda causam impacto no
mundo, nós precisamos ter opinião, porque é a nossa função. Nós, aqui, usamos a
palavra; da palavra nós vamos ao entendimento e esse entendimento é repassado
para outras áreas de conhecimento. E as coisas vão-se constituindo, vão-se
realizando.
Aqui
não é uma casa onde se faz janelas, por exemplo, ou sapatos. Aqui, a nossa
ferramenta e o nosso ofício, o nosso trabalho, é exatamente a nossa opinião, é
a discussão, é o entendimento, é a visão sobre o que está acontecendo no mundo,
é a opinião capaz de levar para o meio exterior, por assim dizer, para sair das
quatro paredes e começar, nos meios onde se atua, a formar caminhos, abrir
picadas, mormente, numa hora difícil. Nós, aqui, temos discutido a questão
ligada ao terrorismo, mas a Casa precisa discutir muito mais para estabelecer
aquilo que pensamos, para aquilo que pensamos possa, de certa forma, trazer
alguma contribuição.
Portanto,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu agradeço e penso que temos de continuar no
nosso trabalho. Cumprimento a Casa e o Presidente por ter trazido aqui
diferentes representantes de religiões para nos trazerem uma palavra de paz,
para a Casa e, para toda a população. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, um
assunto que está polemizando esta Casa é a CPI do DEMHAB. Para as pessoas que não
estão ainda devidamente informadas, e a população ainda não sabe os detalhes,
em primeiro lugar, houve uma procrastinação deliberada da Bancada do Governo
para a instauração dessa CPI, até com pedido de oitiva da Comissão de Justiça,
com um intuito evidente de obstaculizar o direito da Casa de instalar uma CPI,
o que já surpreendeu a todos, porque havia, e há, 19 pontos que são, muitos
deles, de ordem gravíssima como, por exemplo, a venda de chaves do Conjunto
Habitacional Jardim Leopoldina II, por cabos eleitorais, já comprovados nos
autos do processo, do Diretor do DEMHAB e que vendiam chaves por busca de
votos.
Então,
foi obstaculizado o processo. Mas, a CPI esperou o recesso e, finalmente,
instalou-se. Agora, a CPI tem-se arrastado de uma maneira bastante
desalentadora, inclusive, com a Bancada do Governo, notoriamente, mastigando,
protelando, com questões de ordem inadequadas, enfim, aumentando o tempo de
participação no interrogatório. Nós não temos conseguido ouvir mais de uma
pessoa por manhã, por Sessão. Daqui a dois dias, no dia 21, já terão passados
trinta dias. Ao contrário da Assembléia, que tem seis meses, nós aqui temos
sessenta dias prorrogáveis por mais trinta, que são noventa dias. Então, já
estamos fechando um mês, e ouvimos quatro ou cinco depoentes, um por manhã,
porque, nas primeiras Sessões, como eu disse, houveram Questões de Ordem,
problemas de suplências, enfim, uma infinidade de óbices que a Bancada do
Governo, deliberadamente, circunstancialmente, se propõe para que a CPI não consiga,
no período de noventa dias, examinar todos os pontos, todos os depoentes, que
viriam a ser examinados.
A
tática, a técnica dos dois representantes do Partido dos Trabalhadores, já
demonstrada à exaustão, é a de, quando pode, desqualificar o depoente. A tal
ponto que um dos depoentes, que tinha uma série de denúncias, uma delas
gravíssima - e eu repito aqui que o DEMHAB tinha um posto de recolhimento de
mensalidades no coração do Jardim Leopoldina II - que esses funcionários do
DEMHAB recebiam as prestações minguadas, de miseráveis, de pessoas que
invadiram, que não têm duzentos e noventa reais para pagar a sua prestação,
recolhiam o dinheiro, não davam recibo e, quando as pessoas iam buscar o recibo
no DEMHAB, não constava no computador. Isso está comprovado, por meio das
informações da 18ª Delegacia, por uma senhora chamada Maria de Lurdes.
Esses
funcionários estão sob sindicância, mas as informações do DEMHAB ainda não
estão corretas se eles foram para rua - já deveriam ter ido - ou ainda estão
sob sindicância e, segundo consta, permanecem no DEMHAB. Mas, de qualquer
maneira, há provas, há nomes, há datas e há o fato, o delito. Então, este
depoente fez, entre outras, essa declaração. Mas, o que a Bancada do PT tratou
de saber? Se o depoente morava com sua esposa, se era divorciado, se havia sido
abandonado por ela, para desqualificá-lo. Eu não vi, não vejo, ninguém viu qual
a relação entre divorciado, descasado, solteiro, amasiado, com os 19 itens que
temos de apurar. Pois bem, hoje veio uma qualificadíssima pessoa,
Superintendente, já foi Gerente da área da habitação da Caixa Econômica
Federal, em Porto Alegre, a Dr.ª Vera Viana, uma pessoa distinta, qualificada e
que nos dias atuais está na Caixa Econômica Federal, em Novo Hamburgo. E qual
foi a surpresa - eu aqui não vou usar a técnica do PT - porque a considero
qualificada, tecnicamente de alto quilate, declarações precisas, enfim, tudo
isso. Mas ao final, por pergunta do Ver. Sebastião Melo, se havia um telefonema
dado, ontem, do Diretor do DEMHAB a ela perguntando se ela viria aqui, ela
respondeu: “Sim, recebi um telefonema”. Ora, claro que isso não a desqualifica,
pelo contrário quero deixar claro que não estou usando a técnica do PT, mas,
trouxe surpresa e perplexidade geral, por quê? Porque o Sr. Pestana, Diretor do
DEMHAB está sendo investigado e há gravíssimas acusações sobre ele que estão
sendo investigadas, que é a venda de chave por compra de votos. E aí ele
interfere na depoente telefonando a ela para saber se ela já havia dado
depoimento e outras coisas que, evidentemente só a quebra do sigilo telefônico
trará a verdade. E nós vamos pedir essa quebra de sigilo telefônico, como o
Congresso Nacional faz. Está na hora da onça beber água. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós da
Bancada do Partido dos Trabalhadores, vimos, de imediato, responder à
intervenção do Ver. Nereu D'Avila, que foi reveladora em algum sentido e dura
em outro sentido e queremos responder de forma dura também, dentro do debate
político. O Ver Nereu D'Avila tratou da CPI. Quero começar pelo final, porque,
estranhamente, ele fala do fato do Diretor Pestana ter ligado para a depoente,
Dr.ª Vera Viana, que não é filiada a nenhum Partido, nem sequer apoiou o Dr.
Pestana, para saber se ela iria depor. E apenas isso, segundo a própria
depoente, porque este Vereador perguntou a ela o que mais ele perguntou, o que ele
teria pedido, se para omitir alguma coisa, mentir, deixar de falar ou não
responder. Não. Nenhuma pergunta além disso. Segundo a própria depoente, também
fez a mesma pergunta que fizera para o Diretor Pestana, querendo saber do que
se tratava a CPI, para o Ver. Nereu D’Avila, que não há nenhuma irregularidade
na tentativa do Ver. Sebastião Melo de querer fazer uma ligação entre a
Diretora-Superintendente da Caixa Econômica Federal e o Dr. Pestana, Diretor do
DEMHAB. Mas eu já fiz, desta Bancada, uma avaliação de um mês de CPI. E o Ver.
Nereu D’Avila, Presidente da Comissão, que, por várias vezes, interfere na
intervenção dos Vereadores do Governo, do PT, não só deste Vereador, como do
Ver. Estilac Xavier, do Ver. Raul Carrion, do Ver. Carlos Alberto Garcia, dando
esclarecimentos, dizendo que não pode falar isso, que não pode falar aquilo, em
nenhuma vez ele interveio nos questionamentos feitos pelos Vereadores de
oposição, como os do Ver. Sebastião Melo, do Ver. Luiz Braz, do Ver. João
Antonio Dib, e assim por diante.
Mas
a técnica da oposição, usada não sei se por toda a oposição, primeiro, é deixar
o Regimento à parte. O Ver. Haroldo de Souza, que pede a CPI, não assume a
Presidência; renuncia à Presidência, segundo ele mesmo, por incapacidade; em
segundo, não participa das sessões, porque não fica nem até a metade, vai
embora, e não dando satisfação a ninguém. Também a Procuradoria da Casa vai
examinar, agora, porque o Ver. Haroldo de Souza está sem Partido, se o PTB não
tem de ter uma representação, em vez da do Ver. Haroldo de Souza. Olhem só a
confusão que está. Depois, aprovam uma suplência! Então, nem proporcionalidade
há! Há 11 Vereadores que fazem parte da Comissão e mais 11 suplentes. Em
nenhuma chapa, em nenhum lugar isso existe, em composição nenhuma de
proporcionalidade há 11 titulares e 11 suplências! No mínimo é um terço de
suplentes, metade de suplentes, mas não 11 e 11, o que nós questionamos desde o
primeiro momento, de forma transparente, expomos isso para o Presidente, e tudo
o mais. Na seqüência dos depoimentos, o primeiro depoente que é assessor no
gabinete do Dep. Cézar Busatto; representava uma entidade que nada tem a ver
com as denúncias; sequer representava os denunciantes ou a Associação de
Moradores. Nada. O segundo depoente mora há 14 anos no local, se recusa a
assinar qualquer contrato, pagou apenas três prestações de cinqüenta reais, a
Dr.ª Vera Viana mesma disse aqui que, se fosse com a Caixa Econômica Federal,
no máximo em 2 anos, o cara estaria despejado. Aqui, ele mora há 14 anos e o
DEMHAB continua preocupado com a situação social não só dele, mas de todos, e
continua negociando; recusa-se a ir para o loteamento, e assim por diante. Nem
vou falar outras coisas que são até piores, mas eu penso que a Relatoria pode
tratar disso. Vem o terceiro depoente.
O
terceiro depoente é Presidente da Associação da 5.ª Unidade e não mora lá, mora
em outro condomínio. Não assinou também o contrato, mora há dois anos, recebeu
três DOCs, não pagou nenhum, e, para surpresa, foi contemplado, segundo uma
Comissão que ele mesmo definia quem era contemplado pelo Movimento de Luta pela
Moradia, que restringia a 5 salários mínimos, ele recebia cem reais por semana
e declarou aqui “profissionalizado pelo Dep. Berfran Rosado.” Uma coincidência,
Ver. Juarez Pinheiro, que o PMDB tenha trazido aqui dois depoentes,
profissionalizados para fazer campanha política dentro da 5.ª Unidade! Esse é o
terceiro depoente. Depois vem o Sr. Marco Antônio. Falou aqui da negociação,
colocou uma série de ponderações, não concordava com isso, não concordava com
aquilo, com aquele outro, mas só referente à negociação.
Concluindo,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, trouxemos, hoje, a Dr.ª Vera Viana, que
participou e esclareceu muito da negociação e do que o Dr. Marco Antônio -conhecido
como Zeca, lá, no meio, e assim eu o conheço - tinha colocado aqui. Depois a
Polícia Federal disse - não importa se foi arquivado ou não - que não há crime
eleitoral, lá. Então, essa CPI, após um mês de balanço, já demonstrou que não
consegue levantar fatos, inclusive questionado pelo próprio Presidente Nereu
D’Avila na hora do depoimento do depoente Dorizel, que mostra uma foto de uma
Kombi onde supostamente estava cheia de gente do DEMHAB. Nem o Sr. Presidente
mostrou a foto do depoente. Ele disse: “Mas aqui dentro dessa Kombi, ela está
cheia...” Mas que prova é essa? Depois de um mês, é esse o balanço que nós
temos da CPI até o momento. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. João Dib está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aquele milionário americano muito
ocupado, terrivelmente atarefado, não tinha tempo para nada. Ele estava sempre
estressado, então entendeu de ir para a Índia para procurar um guru que,
segundo estava informado, resolvia todos os problemas, então ele resolveu
perder um dia do seu trabalho. Ele chegou muito cedo no local onde o guru
atendia às pessoas, era um dos primeiros da fila, mas decidiu que seria o
último, e ficou esperando cerca de 200 pessoas serem atendidas pelo guru. Ele
chegou lá para apresentar o problema para o guru o qual disse a ele que estava
à disposição. Então ele disse ao guru que, em primeiro lugar, queria fazer uma
pergunta, e fez: “O senhor atendeu a 200 pessoas, eu fiquei observando e não
ouvi o que o senhor dizia, nem o que eles diziam, mas eu tive a impressão de
que, para todos, o senhor disse a mesma coisa!” O guru disse que era verdade,
que, para todos, ele dizia: “Simplifica, meu filho. Simplifica”. Tudo o que nós
temos de fazer é simplificar, é viver de maneira mais simples.
Eu
não tenho falado quase na CPI. O Ver. Haroldo de Souza é o primeiro signatário,
o Presidente da CPI, sim, mas além dele, há mais dezessete Vereadores. O fato
de ele ter sido o primeiro poderia ter ocorrido comigo ou com qualquer um dos
outros, sem nenhum problema. O Ver. Haroldo de Souza hoje, no horário da
abertura da CPI, estava aí, às 9h30min, outros não estavam. Eu sou o mais
antigo na Câmara, e ele me perguntou: “Como é que está?”, e eu disse a ele o
seguinte: “Já apresentou na Mesa o pedido de desfiliação? Ele respondeu:
“Apresentei”. Então não pode representar o PTB, se não faz mais parte do PTB,
mas ele, mesmo assim, ficou até quase as 10h, e aí foi embora, não fez nada de
diferente e houve quórum, sem problema algum. O que eu acho estranho - e que
não é simples - é virem à tribuna analisar o depoimento das testemunhas que
aqui compareceram. Tentaram mostrar que nada há para ser verificado. Há, sim.
Há anos que pergunto quem se beneficiou, na Prefeitura, além da Caixa Econômica
e da imprensa. Mas ninguém me respondeu, ninguém ficou brabo comigo, ninguém me
disse nada; perguntei no rádio, na televisão, perguntei no jornal, ninguém me
respondeu.
Eu
acho que estou chegando perto da resposta agora. Eu não fico muito preocupado
com as pessoas que testemunham ou não. Eu posso fazer perguntas, eu posso fazer
colocações e faço. Hoje, ouvindo a representante da Caixa - que depôs aqui - eu
entendi que tinha que ter o Contrato que deu início às obras do Conjunto
Residencial Leopoldina, o Contrato que a Prefeitura ou o DEMHAB, ou quem quer
que seja assinou e uma série de coisinhas. O resto do que está acontecendo, não
me interessa, porque eu tentei obter estas respostas na Legislatura passada, e
o PT, depois de instalada a Comissão, impediu a mesma. Fez uma Questão de
Ordem, e eu presidia aquela Comissão.
Eu
sou um homem simples, eu não penso o mal, porque eu não faço o mal. Fizeram-me
uma Questão de Ordem e eu a aceitei, para ir à Comissão de Justiça, e nunca
mais voltou. E, aí, a Vereadora foi cassada, que havia proposto a Comissão
Parlamentar de Inquérito, como primeira signatária. Terminou a Legislatura e eu
não fiquei sabendo, na Prefeitura, quem se beneficiou com a compra, pelo dobro
do preço, do Jardim Leopoldina. Eu ouço muitas explicações, mas eu sou
engenheiro.
O
que é o CUB? CUB é o Custo Unitário Básico da construção civil, quer dizer, em
uma obra de nível médio, o metro quadrado custa tanto. Então, eu compro um apartamento,
uma casa, por 100 CUBs ou 200 CUBs e, à medida que a inflação aconteça, o valor
vai-se alterando, mas os 100 CUBs ou os 200 CUBs são a mesma coisa o tempo
todo. Agora, a Prefeitura tinha uma autorização na lei para comprar por 22
milhões, não tinha inflação, e comprou por 27 milhões. Isso, eu perguntei hoje:
quem vai-me responder? Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não
poderia, como membro da CPI, ter ouvido aqui a representação do Governo fazer
as suas exposições - com muitas delas eu não concordo, mas as respeito - e
deixar de vir a esta tribuna. Primeiro, nós achamos que o prazo que o
Regimento, no seu artigo 68, inciso II, desta Casa estabeleceu para a CPI é um
prazo muito curto. E, por achar que ele é um prazo curto, nós já entramos com
um Projeto de Lei, na segunda-feira, para modificar o Regimento, para dar o
mesmo prazo que a Assembléia Legislativa tem para fazer CPI, que não vai servir
para esta CPI que está em andamento. Em segundo lugar, nós achamos que esta
Casa não tem uma estrutura para acompanhar uma CPI, infelizmente, e penso que
esta CPI vai ser prejudicada por esta falta de estrutura. Agora, nós não temos
juízo de valor, e não vamos aqui antecipar, absolutamente, se determinada gente
do Governo cometeu algum fato irregular ou não; eu só sei que as denúncias
feitas por pessoas do povo, das mais diversas regiões desta Cidade, são
extremamente graves. E nós, Vereador Nereu D’Avila, que fazemos parte da CPI,
estamos vendo, sim, a tentativa diária de desqualificar os depoentes, que são
pessoas simples e humildes, de adentrar nas suas vidas pessoais. Aliás, eu vou
repetir aqui aquilo que eu disse numa das Sessões da CPI, o que me lembra muito
determinadas intervenções do promotor Majiski na era estalinista, ou seja,
tentar desqualificar pessoalmente as testemunhas para levar o processo para
outro caminho.
É
evidente que nós não podemos adentrar com mais profundidade se nós não temos
ainda os documentos! Este Vereador tem protocolado trinta e um Requerimentos
que envolvem o Governo Municipal, a Delegacia e a Caixa Federal. E sem estes
documentos, Sr. Presidente, existe dificuldade. Agora eu também quero dizer,
pontualmente, sobre essa questão que V. Ex.ª levantou: a Dr.ª Vera Viana é um
dos melhores quadros que tem a Caixa Econômica Federal e isso não está em
discussão, mas quero dizer que achei extremamente estranho que a Dr.ª Vera
Viana, antes de responder a minha pergunta - eu perguntei: “há quanto tempo a
senhora não tem mais contato com esse Contrato do Leopoldina?” Sua resposta
foi: “Há muito tempo não trato disso e nem sequer estou mais na Caixa Econômica
Federal, Agência Central, estou em Novo Hamburgo”. Quando ela me deu essa
resposta, eu perguntei: “A senhora recebeu um telefonema do Diretor do DEMHAB
ontem?” Sua resposta: “Recebi.” Perguntei, então “E para quê? Para saber se a
sua saúde estava boa?” Simplesmente foi o comentário que teci, porque não posso
imaginar que o Dr. Pestana tenha ligado para ela para saber se a saúde estava
boa, para saber se ela estava bem.
Então, quero dizer, Ver. Nereu D’Avila, Srs.
Vereadores e Sr.as Vereadoras, que aceito o debate do Ver. Marcelo
Danéris. Eu desafio V. Ex.ª sobre algumas dezenas de cargos de confiança e de
FGs que o seu Governo tem para fazer política e, às vezes, encaminhar algumas
decisões equivocadas nas vilas populares. Se V. Ex.ª quiser discutir financiamento
de campanha, quero dizer a V. Ex.ª que aceito e a primeira empresa que quero
que venha depor é a Empresa CORES e a segunda é a TREVO, que têm negócios com o
seu Governo e empresta dinheiro para a campanha.
Então,
não há nenhum problema, se V. Ex.ª quiser entrar nesse campo, V. Ex.ª pode vir
discutir que não há nenhuma dificuldade. Eu penso que esse não é o caminho da
roça! Eu estou aqui para investigar em cima das questões postas pela CPI, mas
não vão desqualificar o debate e não vão intimidar. Eu venho de longe, da boa
luta e da boa luta do combate à ditadura e da boa luta da Esquina Democrática e
da boa luta do enfrentamento. Então, vamos devagar! Quero investigar com a
profundidade necessária, agora, se quiserem ir para um outro debate, eu quero
dizer que não há nenhum problema, absolutamente! Muito obrigado, Sr.
Presidente.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum, que
dirige os trabalhos; demais Vereadores, Vereadoras, todos aqueles que nos
assistem aqui e nas suas casas. A minha manifestação, que será breve, se refere
a essa discussão sobre a CPI, dita do DEMHAB. Quero dizer que, em nome do PC do
B, me manifesto porque foi citada a Bancada do Governo e o PC do B,
evidentemente, faz parte da Bancada do Governo. Quero dizer, em primeiro lugar,
que, em nenhum momento, a Bancada do PC do B teve qualquer comportamento de
dilatação das discussões ou seja o que for. Creio que a CPI realmente patina,
mas patina por outras razões.
Ela
patina, em primeiro lugar, porque ela já iniciou contrariando o Regimento desta
Casa, e não por iniciativa da Bancada do Governo. Vou ler, aqui, para que não
pairem dúvidas, o que diz o artigo 69 do nosso Regimento que, até que seja
revogado, é o Regimento que vige para esta CPI. Diz o artigo 69: “Designação
dos membros”, tal qual o parágrafo 1º e o parágrafo 2º, e as palavras são
precisas e claras. “Parágrafo 2º, o Presidente da Comissão será sempre” - é
esse o termo usado – “o primeiro signatário do Requerimento.” Quem é o primeiro
signatário do Requerimento? O ilustre Vereador Haroldo de Souza. No momento em
que a Bancada oposicionista decidiu que não seria o Ver. Haroldo de Souza o Presidente,
mas seria o Ver. Nereu D’Avila, transgrediu o artigo 69, em seu parágrafo 2º, e
com isso, evidentemente, gerou uma polêmica. Então, se alguém quis procrastinar
a discussão, foi a oposição.
Em
segundo lugar, nenhuma comissão desta Casa tem suplentes: as Comissões
Permanentes não têm, as Comissões Externas não têm, as Comissões Especiais não
têm, a Comissão Parlamentar de Inquérito, não tem. Somente uma Comissão desta
Casa tem suplente, e, na medida que o tem, a norma é explícita ao afirmar; e trata-se
neste caso da Comissão Representativa. E é tão insólita a situação que, no
artigo 79, da Comissão Representativa, há um parágrafo único dizendo: “Os
demais Vereadores serão suplentes por Bancada.” Porque o que não está explícito
não existe. Então, aqui não cabe analogia. Portanto, por duas vezes, quando a
Bancada oposicionista, “forçando a barra”, exigiu a suplência, e votou, porque
tem maioria na Comissão, transgrediu também o Regimento. E, evidentemente que,
aqueles que zelam pelo Regimento, questionaram. Então, se houve algum atraso,
foi por duas transgressões ao Regimento por parte da Bancada oposicionista.
Terceiro,
por que patina também a Comissão? Porque, ao contrário do que determina a Lei
Orgânica e determina o Regimento - de que uma CPI tem que ter um objeto
concreto, um motivo concreto - é uma CPI que tem 19 pontos de investigação, que
trata desde o surgimento do DEMHAB até os dias de hoje, abrangendo todo o tipo
de informação. Então é evidente que é muito difícil para uma CPI com essa abrangência
em 90 dias. E todos sabiam que tinham 90 dias para poder apurar algo difuso,
indeterminado e extremamente amplo.
Então,
a culpa não é da Bancada do Governo, mas a culpa é da Bancada oposicionista,
que não está interessada em realmente apurar. Está interessada em abrir um
leque de acusações, sem provar nada. E agora vem “surpreendido” o Ver.
Sebastião Melo, dizer: “Ah, mas na Assembléia são seis meses, aqui são só
trinta dias.” Então, que fizessem uma CPI com um objetivo preciso.
Para
concluir, quero dizer que lamento que o nosso Presidente - que até hoje, pelo
menos, vinha mantendo-se numa posição de magistrado - tenha vindo aqui, no dia
de hoje, e já feito um prejulgamento, dizendo que existem acusações confirmadas
e que existem ilícitos já provados.
Portanto,
eu acredito que, a partir desse prejulgamento que V. Ex.ª tomou aqui, V. Ex.ª
tem a obrigação moral de renunciar à Presidência, porque V. Ex.ª não tem mais a
condição de magistrado para conduzir de forma equânime, de forma justa uma CPI
que V. Ex.ª já afirmou aqui - com todas as letras, neste microfone - que existe
ilícito.
Creio
que se coloca para a nossa Comissão e, claro, para a sua consciência, um
problema que tem que ser sanado. Precisamos que a Comissão seja Presidida por
alguém que está investigando sem prejulgamento. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar, neste momento em que ocupo a Liderança do PFL,
quero registrar que lamento, profundamente, estar participando hoje desta
Sessão, num dia em que, pela manhã, a primeira coisa que eu ouvi foi a notícia
de que uma amiga nossa, que conviveu tantos anos nesta Casa, nos ajudando,
registrando as manifestações dos senhores Vereadores, acabou tendo um final
que, eu tenho certeza absoluta, está sendo chorado, está sendo hoje marcado por
muitos, aqui desta Casa, que também tinham com a Enilda - Enilda Rosa Prestes -
a mesma amizade que sempre nutri por ela. Desejo que Deus do Céu possa tê-la em
bom lugar e que, realmente, ela possa ter, lá do outro lado, uma vida bem
melhor do que aquela pela qual ela lutou muito para conseguir aqui na terra.
Eu
entrava no Plenário agora e ouvia o Ver. Raul Carrion falando sobre a CPI.
Hoje, eu tive a oportunidade, pela primeira vez, de participar da CPI do
DEMHAB, porque o titular, que representa do PFL, é o Ver. Reginaldo Pujol. E o
que eu ouvi tem de ser muito cuidado pelo meu amigo Nereu D’Avila, que tem toda
a nossa confiança para presidir a CPI. Aliás, acredito que a Presidência da CPI
está muito bem nas mãos do Ver. Nereu D’Avila. Mas, o lembrete que, mais uma
vez, dou ao Presidente da CPI, é para não permitir que os Vereadores do Partido
que está sendo investigado - que são os Vereadores da Bancada do PT, que são os
mesmos Vereadores irmãos do Diretor Carlos Pestana, que dirige o DEMHAB - que
estes Vereadores impeçam que esta Casa possa investigar, livremente, aquilo que
aconteceu no DEMHAB.
E
quais são as manobras que verificamos hoje, Ver. Nereu D’Avila? Primeiramente,
eles enchem as Sessões com todos os depoentes que eles querem. Então, essa moça
que prestou depoimento hoje foi escolhida pelos petistas. Segundo, a reunião
teve praticamente duas horas com perguntas elaboradas pelo Líder da Bancada
Petista, Ver. Estilac Xavier, e pelo Ver. Marcelo Danéris. Não que eles não
tenham o direito de fazê-las. Mas, se temos três horas de reunião, e os
Vereadores do PT ocupam duas horas fazendo perguntas, onde está a investigação?
Onde estão os outros Vereadores que podem participar e perguntar? Então, vou
dizer ao Presidente da Comissão que temos que tomar o cuidado para evitar que o
PT, mais uma vez, mate aqui uma investigação para, quando chegar ao final,
olhar na cara de todos e dizer: estão vendo, vocês não descobriram nada, não
tinha nada. Por quê? Porque eles, mais uma vez, com manobras, não deram a
chance para que os Vereadores pudessem ir a fundo nas investigações.
Então,
acho que quem tem que perguntar, convidar, trazer gente aqui, pedir documentos,
são as pessoas que estão investigando. Aquelas pessoas que estão ligadas aos
investigados têm é que nos ajudar. Sou um admirador dos Vereadores Estilac
Xavier e Marcelo Danéris, mas eles têm que nos ajudar para que possamos fazer
estas investigações, e não ocupando metade do tempo de uma reunião, com as suas
perguntas e, ao mesmo tempo, metade das reuniões com os convidados que eles nos
apontam. Que investigação é essa, onde as pessoas que estão no Partido que está
sendo investigado são as pessoas que dão as cartas. Acho que tem de mudar um
pouquinho o eixo dessas reuniões, dessas discussões, a fim de que, lá no final,
nós possamos saber: se tiver culpa, que seja averiguado; se não tiver, que se tenha
certeza de que ela não existe, porque, senão, vamos chegar no final, novamente,
na incerteza, e não é para isso que a Comissão de Inquérito é criada. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores, quanto ao assunto sobre a CPI do DEMHAB, qualquer Vereador desta
Casa e, principalmente, os membros que fazem parte da Comissão podem indicar à
Presidência qualquer pessoa para depor, e tenho a certeza de que a pessoa
indicada será ouvida. Nós ouvimos aqui os mais diferentes depoimentos,
vinculados, inclusive, a Partidos políticos, com depoimentos nos quais as
pessoas fizeram questão de dizer: “Eu trabalho no gabinete do Deputado tal, eu
estou vinculado a tal Partido”, porque as pessoas que militam nesse campo são
pessoas esclarecidas e são pessoas políticas. Não vejo nada de contraditório. O
importante é que nós possamos ouvir as pessoas, cada vez mais, para tentar
esclarecer. Eu tenho minhas dúvidas sobre até que ponto a CPI chegue a algum
consenso; o que é difícil. Eu penso que o encaminhamento está sendo bem
conduzido. Tivemos alguns entraves no início para estabelecer a metodologia,
mas - volto a insistir - qualquer Vereador que tenha algum caso que seja
relevante, pode indicar uma pessoa para ser ouvida aqui.
O
assunto que me traz para utilizar este tempo de Liderança é relativo a uma
reunião que tivemos, na segunda-feira, com as escolas Emílio Meyer, Costa e
Silva e Venezuela, mais a participação da Brigada Militar, da 5ª Delegacia de
Polícia Civil, com a presença do Delegado Carrion e Sra. Janine Rocha, Chefe de
Gabinete da SMIC, e a discussão foi a segurança do entorno da escola, bem como
os jogos eletrônicos, caça-níqueis, que estão colocados em alguns bares ao lado
daquelas escolas. A legislação é bem clara: não pode haver nenhum jogo, nenhum
desses caça-níqueis, num raio de menos de mil metros dessas escolas. E o que
foi constatado, por depoimento dos pais e de alunos, é que estão a 50, 100
metros de distância. As crianças, na maioria das vezes, não vão à escola,
freqüentando esses lugares, e, sistematicamente, as crianças estão sendo
assaltadas; alguns pais e professores também já foram assaltados. Inclusive, no
depoimento do representante do Colégio Costa e Silva, algumas pessoas invadiram
o Colégio com porte de arma.
O
que ficou acordado, naquela reunião, é que a Brigada Militar, por meio da 1ª
BPM, pela pessoa do Tenente Ricardo Soares Filho, terá um efetivo permanente
das 10h às 23h em frente àquelas escolas para tentar dar uma garantia melhor
aos alunos.
O
Delegado Carrion fez um relato muito importante, e eu penso que nós,
Vereadores, temos que contribuir e mudar um pouco a imagem de descredibilidade
que a população está enfrentando, pois não acredita mais, muitas vezes, nas
autoridades. O que está ocorrendo em Porto Alegre é que as pessoas são vítimas
de assaltos, furtos e não registram a ocorrência nas delegacias de polícia. E,
não registrando, a Brigada Militar não tem como fazer uma investigação mais
séria e nem tem elementos de estatística para saber onde são as maiores
incidências desse tipo de crime.
A
Chefe de Gabinete da SMIC acertou que, na próxima semana, a SMIC vai verificar
o alvará de funcionamento daqueles locais e, se for o caso, fechará todos os
locais que possuam caça-níqueis. Eu penso que nós, Vereadores, também temos de
promover uma campanha educacional em relação ao uso desenfreado desses jogos de
azar que estão proliferando em nossa Cidade com os caça-níqueis, sendo que a
grande maioria não tem licença da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio.
E esses jogos estão fazendo com que centenas e milhares de estudantes, em vez
de freqüentar a escola, freqüentem esses locais. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, eu solicitaria que a
Mesa desse ciência aos Vereadores integrantes da Comissão Parlamentar de
Inquérito de que o art. 61 do Regimento da Casa diz que Vereadores que faltarem
três vezes, consecutivamente, às reuniões da Comissão, serão dela afastados.
Faço este Requerimento porque vejo Vereadores que, pela manhã, não vêm aqui e,
à tarde, fazem Comunicação de Líder da sua Bancada como se aqui houvessem
estado, inclusive criticando os seus colegas.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Esta Presidência considera o Requerimento
do Ver. João Antonio Dib desnecessário, porque todos os Vereadores conhecem ou,
obrigatoriamente, têm de conhecer bem o Regimento da Casa.
Esta
Presidência quer cumprimentar o Sr. João Manoel Brum, do Município de Fontoura
Xavier/RS, que é tio do nosso querido Vereador Paulo Brum. (Palmas.)
Havendo
quórum, passamos à
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Estão suspensos os trabalhos para reunião
conjunta das Comissões.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h48min.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia - às
16h54min): Estão
reabertos os trabalhos. O Ver. Paulo Brum está com a palavra para um
Requerimento.
O SR. PAULO BRUM (Requerimento): Sr. Presidente, após ouvido o Plenário,
eu gostaria que fosse votado primeiro um Requerimento de minha autoria -
Requerimento s/nº, que pede urgência e reunião conjunta da CCJ, CEFOR, CECE e
CEDECONDH para o PLE nº 023/01, que é o Programa de Garantia de Renda Mínima, o
que vai possibilitar que Porto Alegre se inclua na Bolsa-Escola do Governo
Federal. Portanto, este é o meu Requerimento. E que logo após, apreciemos os
Projetos pela ordem descrita no espelho.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Em votação o Requerimento de autoria do
Ver. Paulo Brum. (Pausa.) O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para
encaminhar o Requerimento.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vamos
voltar novamente à temática dos Requerimentos. Este Vereador está tentando,
desde o dia 29 de agosto, aprovar um Requerimento de sua autoria, que é uma
Moção de Solidariedade aos 960 funcionários que foram demitidos da CRT, Brasil
Telecom, e não conseguiu. Também tem aqui um Requerimento para a constituição
de uma Comissão Especial para estudar e debater a questão do fomento e
desenvolvimento do desporto amador da Capital, e não estamos conseguindo.
Então,
este Vereador, Sr. Presidente, encaminha para que sejam discutidos e votados os
presentes Requerimentos para depois entrarmos na Ordem do Dia. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para encaminhar o Requerimento do Ver. Paulo Brum.
O
SR. JOÃO ANTONIO DIB:
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores, eu vou falar muito
rapidamente. Acredito que há uma confusão muito grande do que é moção e do que
é emoção. Se eu estou pedindo urgência para um Projeto de Lei, eu não posso
esperar que as moções sejam discutidas e criem atritos e emoções violentas.
Quando há um Projeto de Lei de renda mínima, ainda que eu ache um projeto meio
estapafúrdio, acredito que a urgência e votação devem ser concedidas, conforme
solicitação do Ver. Paulo Brum. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Paulo Brum está com a palavra
para encaminhar o Requerimento de sua autoria.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou
nesta Casa desde 1995 e é a primeira vez - e quero que busquem nos Anais - que
este Vereador utiliza este instrumento de tentar alterar a Ordem do Dia. É a
primeira vez. Vejam, Srs. Vereadores, por que eu utilizei esse instrumento, que
é um direito de qualquer Vereador, para que seja apreciado, em regime de urgência
por esta Casa, um Projeto de Lei do Executivo; não é meu, nem do meu Partido, é
um Projeto do Executivo Municipal de Porto Alegre, que institui o Programa de
Garantia de Renda Mínima e ações sócio-educativas e determina outras
providências.
Senhores,
há um programa do Governo Federal, se não me falha a memória, desde abril,
possibilitando que as crianças de seis a quatorze anos, comprovadamente
carentes, possam receber uma verba destinada pelo Governo Federal. Porto
Alegre, até agora, não está recebendo essa verba, porque nós não temos uma lei
específica no Município, e quem tem de enviar esse Projeto para a Câmara é o
Sr. Prefeito Municipal. Quando, hoje, foi discutido pelo Ver. Adeli Sell, eu
não podia pedir um aparte ao Sr. Vereador, por estar presidindo a Sessão, mas
disse ao Ver. Adeli Sell que entraria com um Requerimento para que essa matéria
fosse votada e apreciada pelos Srs. Vereadores em regime de urgência. Foi isso
exatamente o que eu fiz neste momento, pedindo que, ao entrarmos na Ordem do
Dia, antes de votarmos os processos que estão no expediente, nós apreciássemos
este Requerimento para que as Comissões Conjuntas dessem o Parecer favorável,
com certeza, para que nós possamos, aí sim, votarmos este Projeto do Sr.
Prefeito, e que Porto Alegre possa beneficiar, o mais breve possível, as
crianças de Porto Alegre, as crianças carentes, aquelas que necessitam desta
verba que já está à disposição de Porto Alegre e até agora não pudemos ver
essas crianças beneficiadas.
Por
isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este é o apelo que eu faço a esta Casa:
que nós apreciamos este Requerimento, que as Comissões Conjuntas possam dar o
seu Parecer para que tenhamos justiça, aqui, na nossa Capital. Tenho plena
certeza de que o Ver. Carlos Alberto Garcia vai rever a sua posição. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
o art. 94 do Regimento, § 3º, diz
que “dependerá de deliberação do Plenário, sem discussão, com o encaminhamento
de votação através do autor e de um representante de cada Bancada, o
Requerimento que solicitar: Alínea ‘o’ - pedido de urgência.”
Quando
votamos a alteração de prioridades estabelecidas na Ordem do Dia, nós não temos
um papel absurdo como este aqui distribuindo para os Vereadores para saber o
que vamos fazer. Então, o tratamento para o Regime de Urgência tem de ser igual
à alteração da Ordem do Dia ou a prorrogação da Sessão - é igual. Entrou na
Ordem do Dia, deve se votado, não tem por que entrar numa relação de 300 moções
e emoções.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Vereador, vou consultar a Diretoria
Legislativa, posteriormente respondo a sua Questão de Ordem, porque esta
Presidência também tem dúvida.
Antes de colocarmos em votação, esclarecemos ao Plenário que
o Ver. Paulo Brum retirou o seu Requerimento. O Ver. Carlos Alberto Garcia fez
um Requerimento. Manteve. Então tem que ser votado o primeiro, o Requerimento
do Ver. Paulo Brum. Se derrotado, vota-se o Requerimento do Ver. Carlos Alberto
Garcia. O Ver. Paulo Brum está esclarecido?
O SR. PAULO BRUM: Vamos votar primeiro o meu Requerimento.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Vamos votar o Requerimento do Ver. Paulo
Brum, depois o meu Requerimento, aquele somente aquele.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Então, passa a ser um novo Requerimento, é isso que estou dizendo. Para que
haja um novo Requerimento, deve haver a desistência do primeiro Requerimento.
Então, o Ver. Paulo Brum desiste do seu Requerimento. O Requerimento de autoria
do Ver. Carlos Alberto Garcia contempla os dois interesses, que é a alteração
na ordem da apreciação da matéria constante da Ordem do Dia. Se aprovado este
Requerimento, então, vota-se o Requerimento sem número, de autoria do Ver.
Paulo Brum e, posteriormente, o Requerimento de nº 214/01, de autoria do Ver.
Carlos Alberto Garcia e aí, entramos na seqüência natural. Perfeito?
Esclarecida,
também, me parece, a Taquigrafia. Estamos votando o Requerimento de autoria do
Ver. Carlos Alberto Garcia, que solicita alteração na ordem da apreciação da
matéria constante da Ordem do Dia. Em votação. Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por
unanimidade.
Em
votação o Requerimento s/nº, de autoria do Ver. Paulo Brum, solicita urgência
para o PLE nº 023/01, e que seja submetido à reunião conjunta das Comissões
Permanentes. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Em votação o Requerimento nº 214/01, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, Moção de Solidariedade à Presidência do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações e Operadores de Mesas Telefônicas do Rio Grande do Sul - SINTTEL - RS, em nome de todos os funcionários da Empresa CRT Brasil Telecom S/A., pelos novecentos e sessenta empregados que receberam uma carta onde devem optar em terceirizar seus serviços por conta própria ou através da assessoria da empresa e, caso não havendo opção, serão demitidos compulsoriamente com incentivos.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Quero esclarecer que nesse espaço de
tempo o Sr. José Jurandir não é mais o Presidente do SINTEL, e nós vamos
substituir o nome.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): V. Ex.ª então vai substituir o teor do
Requerimento?
O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, como foi
declarada nula a votação, na última Sessão, foi nulo o encaminhamento também?
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O encaminhamento inexiste, Ver. Reginaldo
Pujol, porque foi nulo.
O SR. REGINALDO PUJOL: Então, cabe o encaminhamento agora?
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Como um novo Processo. Em votação o
Requerimento n° 214/01. Com a palavra, para encaminhar, o Ver. João Antônio
Dib.
O SR. ERVINO BESSON (Questão de Ordem): Este Vereador pode estar equivocado, mas
entendo que este Requerimento - já que foi encaminhado ao Presidente da SINTEL,
que era o Sr. Jurandir, e hoje, pelo que foi dito, não ocupando mais a
presidência - tornou-se nulo.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Mas o Ver. Carlos Alberto Garcia está
alterando o nome do Presidente, está fazendo uma substituição, e isso passa a
ser um outro Requerimento. É de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia.
O SR. REGINALDO PUJOL: Mas não estamos no período de votação.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Já está em encaminhamento. Eu tenho um
entendimento idêntico a V. Ex.ª. Eu penso que antes de chegar a um período de
votação já deveria ter sido refeito, porque ele passa a ser um novo
Requerimento.
O SR. REGINALDO PUJOL: Exatamente.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Essa seria a argumentação se este
Vereador fosse encaminhar a matéria, mas este Vereador só preside.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, eu, formalmente, quero
dizer a V. Ex.ª que nada obsta que seja feito um novo requerimento, mas este
Requerimento não há condições de ser votado. Este, presentemente.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para encaminhar o Requerimento nº 214/01.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vejam
V. Ex.as como Moção causa confusão. Todo mundo está confuso no
Plenário, a começar pelo ilustre, honrado, querido signatário da Moção. Está-se
fazendo uma Moção de Solidariedade ao Presidente do Sindicato dos Trabalhadores
em Empresas de Telecomunicações do Rio Grande do Sul. Eu devo dizer que não foi
isso que foi votado naquele dia em que a votação foi anulada. Eu fiz as minhas
considerações, naquele dia, porque achava que estava equivocado. Mas hoje, o
nobre Ver. Carlos Alberto Garcia fez uma alteração no Requerimento. Primeiro
item. Mas quem tem que receber a solidariedade são os funcionários da empresa,
no caso, que foram dispensados e não o Presidente do Sindicato. Agora, deve-se
dar ciência ao Presidente do Sindicato, que os funcionários demitidos tiveram a
solidariedade da Câmara. Então, nós temos que fazer ao contrário. Agora, nós
estamos dando solidariedade ao Presidente, que está muito bem, obrigado, não
está precisando de ninguém. Então, esse negócio de fazer Moção não deve levar à
emoção, à confusão, irritação. Ali adiante já tem outra Moção do Vereador que
repudiou todas as empresas que maquiaram os seus produtos, lesando os
consumidores. E nós lemos todos os dias, nos jornais, a peso de ouro, as
informações das empresas que PROCON e outros órgãos governamentais disseram que
eles estavam certos. Agora, nós vamos repudiar, sem dizer a quem, como e por
quê.
Então,
nós temos que deixar de lado a Moção, só quando for excepcional, porque não
soma nada, não dá em nada, a não ser confusão, irritação e agressão, às vezes.
Não serve, não soma, de repente, nós vamos olhar, deixar de lado, um projeto de
lei que precisa de urgência e entrar na lista das Moções. Não é a mesma coisa.
O Projeto de Lei tem de entrar na Ordem do Dia e deve ser o primeiro a ser
votado o pedido de urgência. Se o Plenário conceder urgência, vai ser designado
o Relator e, em poucos dias, deverá ser votado. Mas se entrar na fila das
emoções, a coisa é confusa demais.
Então,
nós produziríamos mais, chegaríamos mais perto dos nossos objetivos, que é a
realização do bem comum, fazendo menos Moção, fazendo menos Requerimentos que
são desnecessários e que não somam nada, e que, de repente, até um dia alguém
nos devolveu uma Moção aprovada pela unanimidade, eu acho, da Casa, devolveu,
com muita categoria, mostrando que não soma nada, que não leva a nada, porque
esta Moção, por meritória que seja, não vai dar aos desempregados coisa
nenhuma. Mas nós vamos aqui fazer mais uma votação de Moção.
Eu
vou votar contrariamente, ainda que tenha profundo respeito, carinho e amizade
pela figura do Ver. Carlos Alberto Garcia, mas Moção não. Saúde e Paz! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para encaminhar o Requerimento nº 214/01.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
volto a discutir, agora encaminhando esta matéria, isso aqui já faz quase
trinta dias que entrou, então, não é mais o fator de emoções. Ele foi inclusive
votado no dia 29 de agosto, e para entrar em votação ele tem de passar pelos
trâmites legais da Diretoria Legislativa aqui na Casa. Mas eu vou ler o que diz
o Requerimento. (Lê.):
“Requer
Moção de Solidariedade - encaminhada ao Presidente do SINTEL”, eu fiz a
correção do texto, que é o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de
Telecomunicações do Rio Grande do Sul – “em nome de todos os funcionários da
Empresa CRT BrasilTelecom pelos 960 empregados que receberam uma carta onde
devem optar em terceirizar seus serviços por conta própria ou através de
assessoria da Empresa, e em caso não havendo opção serão demitidos
compulsoriamente com incentivos”.
Todos
os 960 funcionários são sindicalizados, e nós não faríamos uma Moção para
entregar uma carta a cada um dos funcionários. Como o órgão a que eles
pertencem é o Sindicato dos Trabalhadores em Empresa de Telecomunicações do Rio
Grande do Sul, nada mais justo do que enviar à presidência da SINTEL - que até
mudou o Presidente, através de um processo democrático de eleição - enviando ao
SINTEL que vai dar ciência aos 960 funcionários. Isso não é emocional. Esta
Casa mostrará que, na situação atual, e lembro muito bem de um brilhante
encaminhamento do Ver. Reginaldo Pujol que disse que entre o capital e o
trabalho - com toda a situação atual - ele disse que ficava com o trabalho.
Lembro-me muito bem das declarações do Ver. Reginaldo Pujol, e é verdade. Na
situação em que estamos vivendo hoje, com problemas de desemprego, na situação
atual, 960 funcionários serem ameaçados de perderem o emprego, realmente, cria
um problema e funcionários com 28, 29, quase 30 anos de Casa!
Então,
mais do que justo que esta Casa seja solidária a esses funcionários. Venho aqui
com toda a tranqüilidade, e respeito muito o nobre colega Ver. João Antonio
Dib, mas não estamos aqui, volto a dizer, sob o prisma emocional, porque já faz
trinta dias e isso está sendo algo bem, racional, algo consciente, porque
entendemos que na situação atual em que vive o nosso País, um trabalhador,
neste momento, perder o emprego é mais um problema social a ser criado; e multipliquem
isso por 960. São, aproximadamente, de quatro a cinco mil pessoas que estarão,
e alguns já estão, em situação de penúria no nosso Estado. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Juarez Pinheiro está com a
palavra para encaminhar o Requerimento nº 214/01.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, queremos
encaminhar favoravelmente o Requerimento do Ver. Carlos Alberto Garcia. Nós temos
muito claro - todos nós, todos os Vereadores, independentemente de posição
ideológica - que num dado momento as privatizações feitas neste País tiveram a
justificativa de que tínhamos um estoque de dívida muito grande, tanto a dívida
externa, Ver.ª Sofia Cavedon, quanto a dívida interna e que o Brasil precisaria
gerar desenvolvimento, precisaria crescer economicamente para que pudesse
absorver a mão-de-obra que a cada dia emerge dos jovens deste País. O que se
viu é que se vendeu, Ver. Luiz Braz, mais de 85% do patrimônio público, vendeu,
não, se entregou com moeda podre ao capital financeiro internacional, e a
dívida interna e externa, que se dizia, teria seu estoque abatido, no caso da
dívida interna, teve um aumento de 64 para 550 bilhões de reais. No caso da
dívida externa, de 130 bilhões de dólares, aumentou para quase 320 bilhões de
dólares atualmente.
As
privatizações não diminuíram em nada a situação. E o que é pior, Ver. Adeli
Sell, essas empresas que foram privatizadas atuam, especificamente, no setor de
serviços, não geram nenhuma divisa para o País, nada! Essas empresas que foram
privatizadas, elas vão fazer as suas compras no exterior, ao contrário, elas
sobrecarregam, a balança de pagamentos, Ver. João Bosco Vaz. E o que se vê hoje
é que os serviços são de péssima qualidade, e o Ver. João Bosco Vaz está
procurando, inclusive, constituir aqui uma CPI para nós apurarmos o que essas
empresas fazem, principalmente, com a população mais pobre, que se vê sem
condições sequer de reclamar os seus direitos frente a essas grandes empresas.
Pior que isso, elas diminuem a qualidade dos serviços, e nós estamos vendo a
questão da energia elétrica, elas não investem em coisa nenhuma. E o que é pior
ainda, Ver. Carlos Alberto Garcia - e essa é a Moção - precarizam as relações
de trabalho, terceirizam os serviços, tiram postos de trabalho dos brasileiros.
A
proposta do Ver. Carlos Alberto Garcia vem ao encontro das aspirações do povo
brasileiro de dizer basta às privatizações, a nossa dívida não foi abatida, ao
contrário! E tem mais - Ver. João Bosco Vaz, que procura fazer uma CPI - as
matrizes dessas empresas estão no exterior. Nós estamos perdendo também poder
político, nós estamos perdendo soberania, nós estamos sendo sobrecarregados na
balança de pagamentos, porque essas empresas importam, de suas matrizes, os
produtos que utilizam aqui no País, não geram renda nenhuma, não geram nada na
balança de pagamentos, ao contrário, fazem com que, cada vez mais, ao fim de
cada mês, se tenha um déficit comercial e se tenha que fazer novas dívidas para
pagar dívidas velhas. Essas empresas diminuem a qualidade dos serviços e
retiram postos de trabalhos dos brasileiros.
A
Moção é absolutamente justa e merece o apoio unânime desta Casa, porque as
privatizações em nada ajudaram a este País - só ajudaram o capital financeiro
internacional, que pagou com moeda podre, que prestam serviços de baixa
qualidade, tiram postos de trabalho e que a cada mês fazem com que a nossa
balança de pagamento seja sobrecarregada e haja um déficit público cada vez
maior.
Portanto,
Ver. Carlos Alberto Garcia, a Bancada do PT vota absolutamente favorável a sua
emenda, numa simbolização de que as privatizações foram um mal para este País.
Que o nosso patrimônio público, constituído com suor e sangue dos brasileiros,
foi entregue da forma mais vil, da forma mais repugnante. Essas pessoas têm –
como sempre digo – fechadura na sua coluna vertebral. Essas pessoas não são
dignas dos postos que ocupam dirigindo esta Nação. A favor da Moção. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para encaminhar o Requerimento nº 214/01.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores. Quero dizer que a Bancada PC do B encaminha favoravelmente esta
Moção, por entender que a essência desta Moção é a solidariedade desta Casa aos
quase mil funcionários da CRT Brasil Telecom, que receberam uma carta com
ameaça de demissão, dizendo que eles têm que optar entre terceirizar os seus
serviços - inclusive prestando serviços para a própria empresa - ou serão
demitidos.
As
questões formais, como o fato de que a Moção era dirigida ao Presidente do
SINTEL, são questões secundárias. O que está em discussão é isso: esta Casa
será solidária com esses trabalhadores que estão sendo demitidos por essa
multinacional, ou será contrária. E a emoção – se ela existe – está por conta
dessas pessoas que receberam o aviso das demissões, que se estenderão até março
do próximo ano. E cabe a esta Casa manifestar-se a respeito do assunto.
Quero
dizer que presenciei a prepotência e a insensibilidade social da CRT Brasil
Telecom. Convidado que fui, pelo Ver. João Bosco Vaz, para uma reunião da
CEDECONDH, tomei conhecimento que essa Empresa se negava a vir a esta Casa,
porque entendia que a Comissão era “incompetente” para tratar do assunto. Vejam
a que ponto chegamos! Mil trabalhadores, em Porto Alegre, são demitidos. Esta
Casa, preocupada com as demissões e os maus serviços que essa multinacional
espanhola presta ao povo, chama-a para que esclareça os fatos e ela diz que não
tem de nos dar satisfações. Então, cabe a esta Casa se manifestar, sim, com
veemência, com indignação, que está zelosa com relação à questão do emprego dos
seus munícipes.
Quero
dizer que a privatização das empresas de telecomunicações foi eivada de
irregularidades, no Brasil e no nosso Estado. Mais que isso: tiveram
conseqüências danosas contra os trabalhadores e a população da Cidade de Porto
Alegre e do Rio Grande do Sul, Ver. João Bosco Vaz. Por exemplo, os reajustes
milionários que foram concedidos a essas empresas, mostrando que existe um
contubérnio entre a ANATEL, o Governo Federal e essas multinacionais que
passaram a dominar as telecomunicações no Brasil.
A
assinatura residencial de telefonia, Ver. João Antonio Dib, teve um aumento,
desde a privatização, de 3.723%. Qual o salário que teve tal aumento no País?
Que o digam os funcionários federais, colocados à míngua, por esse Governo
neoliberal de Fernando Henrique Cardoso. Assinatura não-residencial: aumento de
496%; reajuste do pulso local: 422%. Essas empresas, com apoio do Governo
Federal, estão sentadas em cima de uma mina de ouro! Mas, em compensação,
terceirizaram os serviços, criaram mil taxas. Atualmente, como ocorreu outro
dia comigo, fizeram uns consertos na minha rua e o meu telefone ficou mudo. Eu
liguei para a CRT e qual foi a informação? “Se o senhor não tiver a certeza de
que o problema é na rua, se por acaso o problema for na sua rede interna, o
senhor pagará uma taxa de 15 reais.” O que é isso? Isso é extorsão, é
chantagem! Eles põem a perder o serviço e depois as terceirizadas vão lá cobrar
do pobre cidadão! Mas não é só isso. Estão suspendendo os investimentos em 150
municípios, fecharam 60 lojas, estão desempregando mais de mil trabalhadores.
Como
conseqüência da terceirização, estão multiplicando-se os acidentes fatais, pois
há trabalhadores despreparados, destreinados, sendo submetidos a jornadas,
muitas vezes, estafantes, sem os equipamentos de segurança; estão morrendo, e
as multinacionais não estão nem aí. Os investimentos que estão sendo feitos,
inclusive, com dinheiro público do BNDES, não estão aportando dinheiro para
desenvolver o seu trabalho. Por tudo isso, parabenizamos o Ver. Carlos Alberto
Garcia por essa Moção, que encaminhamos favoravelmente.
Acabamos
de também assinar, numa grande iniciativa do Ver. João Bosco Vaz, que está
propondo uma CPI nesta Casa - que já tem 30 assinaturas - para averiguar o que
está acontecendo com esta empresa que presta um desserviço ao povo gaúcho. Por
isso, em boa hora, esta Casa irá aprovar, com toda certeza, esta Moção. Muito
obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para encaminhar o Requerimento nº 214/01.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou
num estado gripal adiantado e cheguei a pensar, em determinado momento, que a
medicação tinha me deixado meio zonzo e que eu não estivesse atento às coisas
que estão acontecendo aqui na Casa, e que, por conseguinte, não estava em
condições de dar um voto adequado nesta matéria. Reli o Requerimento de autoria
do Ver. Carlos Alberto Garcia, que requer Moção de Solidariedade ao Presidente
do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações do Rio Grande do
Sul, Sr. José Jurandir Teixeira Leite, em nome de todos os funcionários da
Empresa CRT Brasil Telecom, pelos 960 empregados que receberam uma carta, onde
devem optar em terceirizar seus serviços por conta própria ou por intermédio de
assessoria da empresa e, caso não havendo a opção, serão demitidos
compulsoriamente com incentivos.
Há
algum tempo, esta matéria foi aqui discutida, e cheguei a dizer, naquela
oportunidade, que tinha alguma dúvida, mas que, na dúvida, sempre optaria pelo
trabalho e não pelo capital, porque o discurso do Ver. Carlos Alberto Garcia,
proponente da iniciativa, era todo ele, acompanhado pelo Ver. Antônio Augusto
Bernd, no sentido de se gerar uma solidariedade com os empregados, que estariam
recebendo essa alternativa que, em determinada circunstância, eu penso que é
muito melhor receber uma alternativa de ser terceirizado do que ser
simplesmente demitido. Mas, de qualquer maneira, eu disse que tinha dúvida e,
na dúvida, eu ficava com o trabalho.
Mas,
hoje, o que ouço aqui é que parece que se quer rediscutir a privatização da
CRT. Todo discurso é neste sentido, Ver. Carlos Alberto Garcia. O discurso
feito aqui - e V. Ex.ª não produziu este discurso - pelos seus apoiadores,
geram uma confusão brutal, porque vêm à tribuna, fazem uma série de afirmações,
a maioria das quais não resiste ao menor debate, e que, agora, ficam sendo o
introdutório da proposição do Ver. Carlos Alberto Garcia, proposição que ele
pretende modificar, porque ele declarou, peremptoriamente, que ela se esvaziou,
na medida em que a pessoa a quem era endereçada, o Sr. José Jurandir Teixeira
Leite, não é sequer o Presidente da entidade neste momento, e o Vereador quer
modificar, modificou, neste particular. Há dúvida, inclusive, se, neste
momento, regimental se muda uma Moção.
Mas,
o que é mais relevante, no meu ponto de vista, é que eu não posso bancar o
ingênuo nesta Casa. Em todas as matérias que aqui tramitam, num gesto de
elementar solidariedade que busca o Ver. Carlos Alberto Garcia, se dá todo este
carregamento ideológico, transformando-se num discurso contra a privatização,
fazem-se assertivas, inclusive colocando-se sob suspeição aqueles que
promoveram essa privatização, aqui, no Estado. Privatização, que deu resultados
positivos para o usuário do sistema, que transformou o telefone, que era um bem
de capital num bem de consumo. Todos sabem que, antes da privatização, para se
ter acesso ao telefone, precisava-se, inclusive, de pistolão político. Hoje, compra-se telefone nas
esquinas, se potencializam os telefones com facilidade em menos de 24 horas.
Foi triplicado ou quadruplicado o número de telefones aqui no Estado. Essa
empresa privatizada é a maior contribuinte de ICMS para o Estado do Rio Grande
do Sul.
Então,
eu estou confuso agora, provavelmente seja tontura da gripe, da medicação que
estou tomando, porque não sei se aquela dúvida que eu tinha e que eu
simplificava resolvendo, optando, pelo trabalho no confronto do capital, agora
se modifica. A dúvida é que eu já não sei o que é que estou votando, se eu
estou votando as propostas do Ver. Raul Carrion, do Ver. Juarez Pinheiro, seu
discurso de tentativa de restabelecer, são restauradores, caramurus, querem
restaurar situações que já estão superadas no Estado.
Então,
se é isso aqui, Ver. Carlos Alberto Garcia, a manifestação antiprivatista, V.
Ex.ª sabe que eu não tenho dúvida de votar contra. Não me falta coragem para
isso. Eu ainda lhe concedo, Ver. Carlos Alberto Garcia, a sinceridade dos seus
propósitos como autor da proposição, e na expectativa de que a ela não se
vincule esses encaminhamentos inadequados que ocorreram, eu vou procurar
resolver o meu dilema, a minha dúvida, Ver. Luiz Braz, naquela mesma linha que
anteriormente antecipamos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Em votação o Requerimento nº 214/01, de
autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO
com a abstenção do Ver. João Antonio Dib.
DISCUSSÃO GERAL
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
1319/01 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 004/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que
altera a redação do inciso VI do art. 94 da Lei Orgânica do Município de Porto
Alegre. Com Emenda nº 01. (Atribuições
do Prefeito.)
Parecer:
- da Comissão Especial: Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação
do Projeto e da Emenda nº 01.
Observação:
-
discussão geral nos termos do art. 130 do
Regimento da CMPA.
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Em discussão o PELO nº 004/01. O Ver.
Estilac Xavier está com a palavra para discutir.
O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o PELO
nº 004/01, de autoria do ilustre Ver. Sebastião Melo, enseja a alteração do inciso VI do art. 94 da Lei Orgânica
do Município de Porto Alegre. O que diz o nosso Regimento maior da nossa
Cidade, das atribuições do Prefeito, no art. 94, inciso VI: (Lê.)
“Compete
privativamente ao Prefeito: apresentar anualmente relatório sobre o estado das
obras e serviços à Câmara Municipal.” O que pretende a Emenda do nobre
Vereador? Ele quer alterar essa redação. Diz o Vereador Sebastião Melo no seu
Projeto. (Lê.)
“Fica
alterada a redação do inciso VI do art. 94 da Lei Orgânica do Município de
Porto Alegre, que passa a vigorar como segue: ‘Apresentar-se, anualmente, à
Câmara Municipal, na data da entrega do Projeto de Lei Orçamentária para
relatar o estado da Cidade, quando discorrerá sobre todos os aspectos da
administração pública direta e indireta, especialmente sobre finanças, habitação,
transportes, educação, saúde, pessoal, meio ambiente, limpeza urbana,
urbanização, planejamento, contenciosos judiciais, investimentos, despesas
dentro dos contextos conjuntural e histórico.”
Nesse
“apresentar-se”, há o “se”, um pronome reflexivo, porque a redação original é
"apresentar". Apresentar é enviar; apresentar-se é fazer-se presente
de corpo. Não falou a palavra que ele queria o Vereador Sebastião Melo, que
era: “convocar o Prefeito”. Aqui me parece que nós temos que ver, de fato, se
nós estamos respeitando a questão da independência dos Poderes.
Qual
é o processo que faz com que um Prefeito seja convocado à Câmara de Vereadores?
Se me pode socorrer o Ver. Luiz Braz, que nos está ouvindo, ou o Ver. Nereu
D’Avila, que estuda a CPI Municipal, é um livrinho que orienta as nossas
condutas. Eu creio que é quando o Prefeito está sob investigação, em casos
especiais até.
O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Estilac, a obrigação desta Casa é estar, constantemente,
fiscalizando. O Sr. Prefeito Municipal não deve ter nada a esconder da
população. Então, ele deve colaborar para que essa investigação possa ocorrer.
Assim, a qualquer instante, ele pode ser chamado para dar explicações aqui
nesta Casa. É a única forma de fiscalizarmos.
O SR. ESTILAC XAVIER: Ver. Luiz Braz, eu agradeço a sua
intervenção, mas nós não estamos aqui falando da competência ou não dos poderes
da Casa sobre fiscalizar; nós estamos falando é do pronome “se” agregado ao
verbo “apresentar”, ficando “apresentar-se”. Ou seja, trata-se da vinda pessoal
do Prefeito. Aliás, há, nos Estados Unidos, uma tradição de que, no início de
cada Sessão Legislativa, o Presidente vai ao Congresso e faz um pronunciamento.
Agora, lá é uma outra tradição. Nos regimes onde há o Parlamentarismo – onde o
Executivo nasce do gabinete, onde há escolha do 1.º Ministro e da correlação
interna do Legislativo - de fato, o instituto da convocação ao 1.º Ministro,
preservado o Chefe de Estado, no caso, um Presidente ou um Monarca - pode ser
uma monarquia parlamentarista ou uma república parlamentarista - aí, eu penso
que o instituto é adequado.
Quem
quer que seja, o Ver. Sebastião Melo, quer que o Prefeito venha, ele,
pessoalmente, aqui, por determinação da Lei Orgânica, apresentar os relatórios.
É bem verdade que ele enriqueceu o conteúdo na descrição dos elementos, os
quais ele acha que devem ser de pronunciamento, de relatos, do Prefeito. Ele
fala dos vários aspectos da administração pública.
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Ver. Estilac Xavier, o Ver. Marcelo
Danéris inscreve-se e cede o tempo a Vossa Excelência.
O SR. ESTILAC XAVIER: Eu agradeço muito ao Ver. Marcelo Danéris
e também à Ver.ª Maria Celeste, pela manifestação.
O Sr. João Antônio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Estilac Xavier, eu, quando Prefeito, era comandado por
esta Lei Orgânica aqui, que foi alterada em 1975. Era semelhante à atual, só
que essa tinha cento e vinte e um artigos, a atual tem trezentos. Mas, na parte
do Prefeito, no que compete ao Prefeito, era semelhante à atual. O Prefeito
poderia apresentar o relatório das obras, anualmente sessenta dias depois do
início das atividades do Legislativo, mas eu tinha orgulho em fazê-lo
pessoalmente, no Plenário, orgulho que eu aprendi com outros Prefeitos, que
faziam a mesma coisa e que não eram obrigados, portanto. Porque essa ligação
entre o Legislativo e o Executivo é realmente importante, é o momento de
respeito do Executivo pelo Legislativo. Então eu fico preocupado, porque a
Bancada do PT não quer que o Prefeito se apresente e faça o relatório aos Srs.
Vereadores. E eu fazia sem obrigação.
O SR. ESTILAC XAVIER: Ver. João Dib, V. Ex.ª é um homem
modelar. Nós, inclusive, pautamos a nossa conduta, como membros desta Casa,
pela sua trajetória, que é modelo e paradigma. Mas eram outros tempos e outras
leis. Eu estou tratando da lei atual, a Lei Orgânica que fala que o Prefeito
tem obrigação de apresentar, anualmente, relatório sobre o estado das obras e
serviços da Câmara Municipal. E até aí não houve, até hoje, falta do Prefeito.
Não houve. O Prefeito manda os relatórios anuais para esta Casa. O Ver.
Sebastião Melo, dentro da sua apurada acuidade, inclusive discorre com outros
elementos, ele apresenta mais elementos sobre esse assunto, mas ele acrescentou
o "se", é “apresentar-se”. Agora, convenhamos, não é a vinda do
Prefeito a esta Casa, o que não haveria problema nenhum ao Prefeito do PT, ou a
qualquer Prefeito, acredito que - desde a histórica passagem do Ver. João Antonio
Dib pela Prefeitura de Porto Alegre - nenhum Prefeito se negaria a nos honrar,
com sua presença, vindo a esta Casa.
O
que se trata aqui é de saber por que se quer colocar na Lei Orgânica um
instituto que não está conforme com o sistema que nós temos de Poderes no País.
Ou eu não me recordo de que seja possível, eu não vejo similitude, semelhança
ou simetria com o Congresso Nacional, nem com o Governo do Estado, com os
Estados membros. Essa mitigação, essa entrada ao próprio parlamentarismo... E
digo mais, Ver. Sebastião Melo, sou um parlamentarista, mas não pode valer só
para o Prefeito Tarso Genro ou só para os prefeitos do PT. Os relatórios, Ver.
João Antonio Dib, não estão na vinda do Prefeito aqui, ou do Presidente da
República no Congresso, ou do Governador na Assembléia Legislativa. É o
respeito que se tem por uma Casa Legislativa. Se esse instituto valesse, Ver.
Sebastião Melo, para o Congresso Nacional, o que diríamos nós das cinco mil
medidas provisórias que foram feitas, daquela época até agora? Instituto que
retira o poder de legislar, essencial de uma casa legislativa, como é o
Congresso Nacional.
Então
eu estou questionando isso, vi aqui o seu parecer, penso que a descrição que
faz a respeito dos elementos que devem apresentar no relatório enriquece o
processo, mas o "se", que é uma forma inteligente do uso do pronome,
me levou a acreditar que V. Ex.ª está convocando o Prefeito.
O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Estilac Xavier, o fulcro maior na apresentação deste Projeto é
de qualificar o Poder Legislativo, de oportunizar essa relação cada vez mais
aprimorada do Executivo com o Legislativo. Jamais foi intenção de convocar o
Prefeito, porque, para convocar, já existem normas regimentais e disposições
legais. Essa não foi a intenção. Portanto, eu quero deixar sublinhada essa
questão.
O SR. ESTILAC XAVIER: Acredito plenamente na sua intenção,
Ver. Sebastião Melo. Vou pedir orientação aos demais membros da minha Bancada,
do meu Partido, vou, inclusive, consultar o Sr. Prefeito sobre a medida. Não me
é estranho isso. O Prefeito pode vir, eu não vejo nenhum problema. Sempre
defini que as casas legislativas são um Poder de primeira grandeza porque
representam a pluralidade do pensamento da cidade. Eu sempre tratei esse tema
assim. Para orientar a minha posição e a da minha Bancada, eu vou fazer essas
consultas. Mas ficam essas considerações restritivas ao Projeto de Emenda à Lei
Orgânica do Ver. Sebastião Melo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Esta Presidência informa ao Plenário e
aos colegas e funcionários desta Casa que o velório da nossa amiga, da nossa
colega de trabalho, Enilda Rosa Prestes, será hoje, a partir das 19 horas, na
capela 4, do Cemitério da Santa Casa, e o enterro será amanhã às 10h30min.
Portanto, está dado o aviso e esperamos que os colegas, Vereadores e
Vereadoras, funcionários e funcionárias compareçam lá, amanhã, para darmos o
último adeus à nossa querida Enilda, que partiu desta para a outra vida.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PELO nº 004/01.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não
tenho nenhuma dúvida de que o Ver. Estilac Xavier é um democrata. As suas ações
aqui, nesta Casa, demonstram que ele é um homem que se pauta sobre os
princípios democráticos. Mas quem ouviu o Ver. Estilac Xavier falar desta
tribuna, nos dez minutos anteriores à vinda deste orador, pode ter alguma
dúvida com relação a esse entendimento que manifestamos aqui. Mas eu continuo
ainda afirmando, por tudo aquilo que conheço do Ver. Estilac Xavier, que ele é
um homem democrata. O Ver. Sebastião Melo deveria, a esta altura dos
acontecimentos, estar recebendo os aplausos de todos nós, pelo que ele está
querendo por intermédio do seu Projeto de Lei. O Vereador não está querendo
mudar a Lei Orgânica para que o Prefeito venha, aqui na Casa, mensalmente, nem
ele quer que o Sr. Prefeito Municipal venha aqui a todo instante, a qualquer
momento, para que ele não tenha, realmente, tempo para fazer as suas ações, lá,
como Chefe do Executivo.
O
que está dizendo, aqui, no Projeto de Lei é que, anualmente, vejam só,
anualmente, por ocasião da apresentação do Projeto Orçamentário, que se dá
agora, no final do mês de setembro, uma vez por ano. É o Projeto mais
importante que nós votamos aqui nesta Casa e sabemos que o Sr. Prefeito
Municipal, até por tradição, não apenas o Prefeito Tarso Genro, mas todos os
ex-Prefeitos sentem-se felizes em se dirigirem a vários segmentos da população
para dar explicações a respeito do projeto de orçamento, para onde vai o
dinheiro. Ora, os Vereadores, ou pelos menos o que disse aqui o Ver. Estilac
Xavier, é que ele é contrário a que o Chefe do Executivo, nessa ocasião, que é
a mais importante deste Parlamento, que é o início da tramitação do Projeto
Orçamentário, venha aqui e dê explicações sobre essas destinações todas ou
sobre como é que andam as finanças no campo da educação, no campo da saúde, no
campo do transporte coletivo, como está a Cidade, qual o destino que este
Orçamento vai dar para que nós possamos melhorar a vida da Cidade ou, pelo
menos, para que ela possa abrigar pessoas, cada vez mais, com melhor qualidade
de vida.
Eu
não posso acreditar que alguém que seja bem intencionado - e eu tenho a certeza
de que o Ver. Estilac Xavier é um homem bem intencionado, apenas ele deve estar
equivocado, deve ter lido mal este Projeto, deve ter lido mal – que queira,
realmente, viver sobre os princípios democráticos, possa não querer que, no
momento em que tramita o Projeto do Orçamento, nós não tenhamos aqui a figura
do Chefe do Executivo, que vem aqui não para estabelecer um diálogo com o
Legislativo, mas vem aqui dizer daquilo que existe no Projeto do Orçamento, e
vem aqui falar sobre vários aspectos da nossa Cidade e daquilo que pode ser
melhorado, por intermédio dos recursos que são destinados por meio da peça
orçamentária. Eu penso que seria muito bom para a Cidade, seria muito bom para
o diálogo que deve existir entre Legislativo e Executivo.
O
Sr. Prefeito Municipal não estaria aqui para receber críticas ou ele não
estaria aqui para ser questionado com relação a esses investimentos; ele
estaria aqui, sim, para poder explicar por que vão recursos a mais para uma
área, e não para uma outra; para dizer por que, às vezes, temos aqui tantos
recursos para a área da publicidade e faltam recursos para a área de
assistência social ou por que vão tantos recursos, às vezes, para coisas que
não são tão necessárias e faltam recursos para áreas que são extremamente
necessárias, como, por exemplo, para a área da saúde. Mas eu penso que é bom
que o Sr. Prefeito esteja aqui para poder dizer para nós, que somos
representantes de toda a sociedade, o que é que contém naquele Projeto de
Orçamento. O que eu penso que é extremamente bom e não vejo, realmente, nada
que seja ruim, até porque o Ver. Sebastião Melo, neste Projeto de Lei, não está
legislando para que o Prefeito do PT venha aqui, ele está legislando para que
todos os Prefeitos, eleitos para dirigir esta Cidade, possam, quando da ocasião
da apresentação do Projeto de Orçamento, vir até esta Casa aqui – olha, é uma
vez no ano – e dizer o que eles querem com os investimentos que estão
apresentando naquele Projeto, que é o mais importante para todos nós.
Eu
espero, até pela admiração que tenho pelo Ver. Estilac Xavier, que ele possa
retornar, retificar a sua fala, porque ele deixou a impressão para as pessoas
de que ele não é democrata, e tenho certeza de que ele é. Tenho certeza de que
ele não é contrário a que o Prefeito Municipal possa dialogar com a Câmara
Municipal, pelo menos uma vez no ano! Eu tenho certeza de que ele vai retificar
o seu pensamento. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O próximo Vereador inscrito para
discutir a matéria é este Vereador que preside esta Sessão, neste momento. Eu
cedo o meu tempo ao Ver. Sebastião Melo.
O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir o PELO nº 004/01.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, primeiramente quero agradecer a V.
Ex.ª a inscrição e a cedência deste tempo, porque, na Sessão que discutiu este
Projeto, já havia usado o meu tempo.
Eu
quero repetir, aqui, porque, na Sessão anterior, apenas eu tive a oportunidade
de fazer a sustentação e, hoje, aqui, estamos estabelecendo o contraditório. Eu
quero dizer, Ver. Estilac Xavier, que o espírito deste Projeto de Lei não é o
espírito intimidatório. Não, não tive e não tenho esta intenção em relação à
Prefeitura, em relação ao Sr. Prefeito atual ou qualquer Prefeito que amanhã ou
depois venha a assumir a Prefeitura de Porto Alegre.
Eu
sempre tenho dito, Ver. João Antonio Dib, o que justifica a caminhada não são
os discursos, são as atitudes, tanto no campo político ou em outros campos.
Esta cidade, amadurecidamente, desde 1989, pela Lei Orgânica, concebeu o
instituto da participação popular, direta, por meio do Orçamento Participativo.
O Orçamento Participativo, é um instrumento importante da Cidade, e no qual, no
nosso juízo de valor, muitas correções precisam ser feitas. Há muitas coisas no
Orçamento Participativo, na nossa avaliação, mal-encaminhadas, mas ele é um
instrumento importante da Cidade. Nós não o negamos, ao contrário, pensamos que
ele deve ser aprimorado, aperfeiçoado, qualificado, institucionalizado.
Eu
tenho ido na grande maioria das assembléias do Orçamento Participativo, pois, o
Sr. Prefeito chega lá, senta, ouve a população, falam os Delegados e o Prefeito
depois fala sobre isso que eu estou dizendo aqui, no final, desde o Clube dos
Descendentes dos Farrapos até lá no Sarandi, nos Valentes da Tradição. Agora,
nesta Casa, que é a Casa da representação popular, nós colocamos um projeto
para que o Prefeito tenha a oportunidade de vir dialogar com esta Casa, na
medida em que ele alardeia, a cada dia, os bons projetos que a Administração
sustenta, eu só posso imaginar que, em pensando não querer vir, que ele ache
que esta Casa não merece o respeito do Sr. Prefeito para debater sobre estas
matérias.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Sebastião Melo, eu realmente estranho esta colocação da
Bancada petista, considerando que o Prefeito vai fazer uma prestação de contas.
Eu já devolvi uma vez, porque me considerei insultado, antes de fazer a
prestação de contas para a Câmara. Ele, no entanto, vai fazer a prestação de
contas no Largo Glênio Peres, com um custo elevado para a Prefeitura, com show,
mas ao Legislativo ele não quer fazer. Eu tenho dificuldade em entender.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Pois veja, Ver. João Antonio Dib, ia
chegar lá, mas V. Ex.ª já antecipou. Veja bem, então o Governo constrói nas
assembléias das 16 microrregiões, ele vai ao encontro da população e se
predispõe a sentar e falar dos projetos que a Prefeitura está desenvolvendo.
Então, ele faz isso de leste a oeste, de norte a sul. Depois, ele faz a
prestação de contas em praça pública, geralmente, em frente à Prefeitura de
Porto Alegre, com show musical, contratações, muita música e pouca prestação de
conta, mas ele faz a prestação de conta. Aí este Vereador tem a audácia de
propor um Projeto de Lei para que o Prefeito venha apresentar-se na Câmara. E o
apresentar-se não é convocar, o verbo não é convocar, é apresentação, e pensava
que nós estaríamos, com isso, estreitando e fazendo realidade aquilo que o
Prefeito Tarso Genro, figura que respeito muito, disse, nesta tribuna, quando
tomou posse: “Nós queremos qualificar e melhorar a relação com a Câmara de
Vereadores, diuturnamente”.
Aliás,
não é o que estou vendo, porque os Pedidos de Informações não vêm na maioria
das vezes, e os encaminhamentos dos Vereadores muitas vezes não são atendidos.
Portanto, eu queria dizer, para finalizar, que este Projeto não tem nenhum fito
de convocar absolutamente ninguém. Nós pensamos que ele poderia qualificar esta
Casa e contribuir com esta relação, mas, evidentemente, estou vendo que a
Bancada do Governo tem uma posição diferente, a qual respeitamos, mas vamos
continuar debatendo nesta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra
para discutir o PELO nº 004/01.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
proposta de alteração da Lei Orgânica, feita pelo Ver. Sebastião Melo comporta
algumas considerações. O Ver. Sebastião Melo, nas suas proposições, ele gosta
muito de usar as palavras “determino”, usa “os pronomes oblíquos” de uma forma
que não correspondem ao seu discurso, ao discurso da fiscalização, ao discurso
da harmonia entre os Poderes. Eu fiz o parecer, por exemplo, de um Projeto,
onde ele dizia: “Determino”. Eu penso, Ver. Sebastião Melo, se o intuito é,
realmente, qualificar a relação entre os Poderes que, ao menos nesse caso - V.
Ex.ª sabe qual o Projeto que eu me refiro - V. Ex.ª mostra um viés autoritário
que não é da sua trajetória, a qual conheço há muitos anos, que é uma
trajetória de trabalhar no movimento social. Eu reconheço isso, seja na OAB,
onde até já compusemos juntos uma chapa, quando elegemos o Presidente Nereu
Lima, e que nos honramos muito de participar daquele processo, que fizemos
campanha juntos, inclusive, junto com o grande cidadão Orlando de Assis
Correia. Então, quando V. Ex.ª, talvez por equívoco, usa essas expressões:
“Determino” ou usa os “pronomes oblíquos” de uma forma que passa a idéia de
preponderância de um poder sobre o outro, talvez dessubstancie um pouco aquilo
que V. Ex.ª deseja realmente fazer.
O
Ver. Luiz Braz diz, Ver. Sebastião Melo, que é preciso que o Prefeito venha
aqui e diga por que botou a verba em tal dotação, aqui ou acolá. Mas não é o
Prefeito que faz isso, e V. Ex.ª, que participa das reuniões do Orçamento
Participativo, sabe disso.
O
que eu penso, Ver. Sebastião Melo, e talvez o seu debate proposto contribua
para isso, é que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre - eu tenho esta opinião
- ela não achou ainda o seu real papel, mesmo estando composta numa Cidade,
talvez única na América Latina, com certeza, onde conviva a democracia direta
com a democracia representativa. Ela tem um papel grandioso, talvez muito maior
de que em outras Cidades, onde não exista um processo tão rico, como é o
processo de Porto Alegre.
No
entanto os Vereadores desta Casa, preocupados com uma espécie de Pearl Harbor, que seria o Orçamento
Participativo, praticamente colocam vendas nos olhos e esquecem, realmente, de
fazer aquilo que é importante para a Cidade. Isso é um juízo meu, não é um
equívoco. Não há nenhum problema para o nosso trabalho parlamentar a existência
do Orçamento Participativo, penso que ele qualifica o nosso trabalho. Nós
deixamos de ser meros despachantes de probleminhas, deixamos essas questões à
população, de uma forma organizada tratar com os “CARs”, com as estruturas
administrativas e podemos fazer aqui os grandes debates.
Eu
vejo também que alguns Vereadores, o Ver. João Antonio Dib, hoje, requereu o
princípio da simetria, numa outra questão constitucional. Se o Vereador quer o
princípio da simetria, ele tem que querer de todo, ou quer o princípio da
simetria ou não quer, porque, se interessa o princípio da simetria, serve, se
não interessa, não serve, não funciona. Então, concito o Vereador com maior
número de mandatos - não vou dizer o Vereador mais antigo - a ler a
Constituição Federal. Eu estou, aqui, sem óculos, mas é o artigo nº 86, inciso
XI, que diz a forma como o Presidente da República deve se relacionar com o
Congresso Nacional.
Agora,
Ver. Sebastião Melo, sei que V. Ex.ª é um crítico ao PMDB, eu quero saber qual
é o Vereador de oposição, nesta Casa, que critica as Medidas Provisórias do
Governo Federal. Eu estou aqui há quatro anos e alguns meses, nunca vi um
Vereador, aqui, vir criticar a forma como legisla o Governo Federal, contra os
interesses da população, por intermédio de Medidas Provisórias. Então, eu penso
que tem mérito essa proposta de V. Ex.ª, materialmente, penso que se expressa
formalmente. Pressupõe um viés que parece que queremos sobrepor o Poder
Legislativo ao Poder Executivo e que parece não ser a sua intenção.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Juarez Pinheiro, as Medidas Provisórias foram
instituídas pelo Congresso Nacional, que não trata da forma como colocou na
Lei, mas não é isso. O artigo nº 119 da Lei Orgânica diz que as contas serão
colocadas à disposição dos munícipes, depois de serem mostradas na Câmara
Municipal. O Prefeito, no fim do ano, antes de mostrar para a Câmara, coloca lá
na Praça, mas eu penso, e continuo pensando assim, que é um orgulho para o
Prefeito vir aqui fazer a apresentação das suas contas.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Eu concluo com a vênia do nobre Líder
Ver. Ervino Besson, com o seguinte questionamento: esta Câmara de Vereadores
deve descobrir a sua vocação numa Cidade que tem também uma democracia direta.
Ela tem um grande papel que pode ser significativo, não só para a Cidade, como
para todo o País e ela tem qualidade para isso. Portanto, está em nossas mãos
ter um destino um pouco maior que aquele que damos, aqui, diariamente. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, nem sei se é uma Questão
de Ordem, mas pelo princípio, pela aparência imediata, não há mais quórum,
então solicito verificação de quórum.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, também concordo com o
Ver. Estilac Xavier. Visivelmente, não há quorum. Penso que a discussão deve
ser encerrada e a Sessão também.
O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): Visivelmente não há quórum. Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão Ordinária.
(Encerra-se
a Sessão às 18h10min.)
* * * * *